Enchente: vista do rio Sena transbordando (Philippe Wojazer / Reuters)
Da Redação
Publicado em 4 de junho de 2016 às 20h17.
O nível das águas do rio Sena registrava uma queda lenta neste sábado, depois de atingir 6,10 metros acima do nível de referência, uma cheia impressionante, que provocou o fechamento de museus e estações do metrô, mas poucos danos materiais.
O rio Sena transbordou e inundou os 'quais' (docas) da capital francesa, após as fortes chuvas que deixaram pelo menos 18 mortos na Europa, quatro deles na França.
Por precaução foram fechados museus, estações de metrô e uma linha de trem regional, situadas ao longo do rio, onde a navegação foi proibida. Os carros também estão impedidos de circular em algumas vias à margem do Sena.
A cheia, que atingiu 6,10 metros na sexta-feira à noite, caiu um pouco, a 6,06 m, na manhã de sábado. Um nível próximo aos 6,18 metros registrados em 1982, mas ainda longe do fenômeno de 1910 (8,62 metros).
Desde então, o nível começou a cair. No meio da tarde, o rio já estava abaixo dos 6 metros e a tendência deve se acelerar no início da semana. No entanto, o nível normal só deve ser registrado dentro de cinco a 15 dias, segundo as autoridades.
Os museus do Louvre e d'Orsay protegeram milhares de obras de arte e devem permanecer fechados até terça-feira.
Na sexta-feira à noite, o presidente François Hollande visitou o Museu do Louvre - o mais frequentado do mundo, com nove milhões de visitantes por ano - para incentivar as equipes mobilizadas.
Neste sábado, as águas do Sena arrastavam pedaços de madeira, bolsas de plástico e lixo. As vias das margens e as escadas que levam aos 'quais" permaneciam alagadas.
Desde o início do fenômeno, turistas e parisienses registram o momento com seus smartphones e câmeras fotográficas.
Os bombeiros pediram cautela aos curiosos, lembrando que alguns pontos continuam sendo "perigosos".
Estado de catástrofe
Apesar do material de proteção instalado às margens do Sena, porões e garagens das imediações ficaram inundados.
Os danos são mais graves no restante da França, onde quatro pessoas morreram e 24 ficaram feridas. Além disso, 20.000 moradores foram obrigados a abandonar suas casas, informou o primeiro-ministro Manuel Valls. Neste sábado, 13 mil lares permaneciam sem eletricidade.
Durante visita à cidade de Romorantin (centro), o presidente Hollande se referiu à situação das cheias como verdadeira catástrofe.
A ministra francesa do Meio Ambiente, Ségolène Royal, expressou o temor de que após a redução do nível da água apareçam mais vítimas.
O governo anunciou que vai decretar na próxima quarta-feira "estado de catástrofe natural" para indenizar de modo mais rápido as vítimas das inundações.
As empresas de seguros calculam os danos em pelo menos 600 milhões de euros.
As autoridades decretaram que a região da foz do Sena, na Normandia, seja posta sob "vigilância vermelha" devido ao risco de inundações pelos dejetos arrastados pelo rio em seu caminho para o mar.
"Eu penso que é uma situação de vigilância vermelha porque é um mecanismo que se ativa à noite. É preciso evitar que as pessoas sejam pegas de surpresa", disse Royal à imprensa.
As inundações foram especialmente "catastróficas" para as ferrovias, informou Guillaume Pepy, presidente da empresa de trens franceses, a SNCF.
Pepy avalia que será preciso aguardar até meados da próxima semana para que o tráfego volte ao normal, isto é, bem a tempo para o início da Eurocopa-2016, sexta-feira, em Paris.
Na Alemanha, onde a situação parece melhorar, 11 pessoas morreram no decorrer da semana em consequência das chuvas e inundações.
Na Bélgica, um apicultor perdeu a vida, arrastado pelas águas de um rio, e outras duas pessoas morreram afogadas na Romênia.