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Nicarágua faz greve geral para pressionar governo Ortega

O país enfrenta manifestações desde 18 de abril e os confrontos com a polícia já deixaram 152 mortos

O país enfrenta protestos contra a Reforma da Previdência há quase dois meses (Oswaldo Rivas / Foto de arquivo/Reuters)

O país enfrenta protestos contra a Reforma da Previdência há quase dois meses (Oswaldo Rivas / Foto de arquivo/Reuters)

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AFP

Publicado em 14 de junho de 2018 às 11h18.

A Nicarágua amanheceu nesta quinta-feira em greve geral convocada por uma aliança opositora para pressionar o Daniel Ortega a cessar a repressão contra as manifestações populares que já deixou 152 mortos em quase dois meses de protestos.

A paralisação de 24 horas, em um país já semiparalisado por bloqueios de estradas e protestos de rua iniciados em 18 de abril, foi convocada pela Aliança Nacional pela Justiça e Democracia, que aglutina estudantes, empresários, camponeses e a socidade civil.

Até a Igreja católica, mediadora no diálogo entre o governo e a oposição, acolheu a convocação de paralisação.

Os bispos católicos também convocaram o governo e a oposição a retomar o diálogo para buscar uma saída para a crise política.

A Mesa Plenária do Diálogo Nacional foi convocada para esta sexta-feira, quando deverá ser apresentada a resposta de Ortega à proposta da Conferência Episcopal de antecipar as eleições como parte de um plano de democratização.

Na reunião, em Manágua, serão divulgadas a proposta dos bispos e a resposta por escrito de Ortega.

"Todos querem a paz, queremos superar estas circunstâncias duras, dolorosas, trágicas. Todos queremencontrar, nas mesas do diálogo, as possibilidades de traçar um caminho para frente", disse a vice-presidente Rosario Murillo ao comentar o anúncio dos bispos.

O anúncio ocorreu após a oposição nicaraguense convocar uma greve geral de 24 horas como medida de pressão exatamente para a retomada do diálogo e contra a repressão violenta.

Os confrontos já deixaram 152 mortos e 1.340 feridos, segundo o Centro Nicaraguense de Direitos Humanos (Cenidh).

O país está semiparalisado há quase dois meses por uma onda de protestos, iniciada em 18 de abril contra a reforma da Previdência.

Em carta publicada nesta quarta-feira nos principais jornais da Nicarágua, mais de 4 mil personalidades pediram à polícia que pare com o banho de sangue causado pela violenta repressão aos protestos.

"O regime de Daniel Ortega já está acabado. Vocês precisam deter de uma vez por todas este insensato banho de sangue", exigiram os signatários da "Carta aberta aos policiais", publicada pelos jornais La Prensa e Nuevo Diario.

Entre os signatários estão o ex-candidato presidencial opositor Fabio Gadea e Claudia Chamorro, filha da ex-presidente Violeta Barrios.

Diante da perspectiva de greve, a população de Manágua e de outras cidades passou a estocar alimentos e gêneros de primeira necessidade, temendo que a paralisação se estenda por mais de um dia.

Ortega, de 72 anos, está na presidência desde 2007 e é acusado de abuso de poder e de corromper opositores.

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