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Nicarágua decide expulsar embaixador brasileiro, diz imprensa local

Lula tem relação de longa data com Daniel Ortega, líder autoritário do país

Ortega critica governadores latino-americanos que não reconhecem os resultados na Venezuela (EFE)

Ortega critica governadores latino-americanos que não reconhecem os resultados na Venezuela (EFE)

Publicado em 8 de agosto de 2024 às 06h10.

Nicarágua decidiu nesta quarta-feira expulsar o embaixador brasileiro Breno Souza da Costa do país, segundo a imprensa local. O gesto, considerado grave na diplomacia, seria o resultado do congelamento das relações, depois que o governo Lula pediu a libertação do bispo Rolando Álvarez, condenado a 16 anos de prisão pelo regime de Daniel Ortega. Rolando está preso desde 2022.

 A expulsão do embaixador foi confirmada inicialmente pelo portal Divergentes, da Nicarágua. A reportagem afirma que Manágua deu o prazo de 15 dias para que o embaixador brasileiro deixasse o país.

A gota d'água para a piora na relação entre os dois países teria sido a ausência do embaixador brasileiro na celebração dos 45 anos da Revolução Sandinista - exatamente como protesto pela perseguição a padres e bispos.

A imprensa nicaraguense atribuiu a informação sobre a expulsão do embaixador brasileiro a fontes da diplomacia local. O governo da Nicarágua ainda não havia se manifestado.

Já o ex-embaixador da Nicarágua na Organização dos Estados Americanos (OEA), Arturo McFields, confirmou a expulsão, com base também em informações do Ministério de Relações Exteriores nicaraguense.

Relação Lula e Ortega

Lula tem relação de longa data com Daniel Ortega. Recentemente, porém, ele disse à imprensa internacional que o ditador da Nicarágua não tem atendido as suas ligações desde que tentou interceder pela liberação do bispo.

Após audiência com o papa Francisco em Roma no ano passado, Lula falou que tentaria mediar a relação entre a Igreja e o país caribenho. “A única coisa que a Igreja quer é que a Nicarágua libere o bispo para vir para a Itália. E eu pretendo falar com Daniel Ortega a respeito, para ele liberar o bispo. Não tem por que o bispo ficar impedido de exercer suas funções na Igreja. Não existe essa possibilidade. Eu vou tentar ajudar se puder ajudar”, disse o presidente brasileiro

O Brasil chegou a expressar preocupação no Conselho de Direitos Humanos da ONU sobre a situação na Nicarágua. No entanto, não assinou a declaração de 55 países que condenava os crimes contra humanidade cometidos pelo regime de Ortega.

Segundo o índice V-DEM, que mede o status das democracias pelo mundo, a Nicarágua é uma autocracia. Ortega foi reeleito para o quarto mandato em 2021, em eleições apontadas pelos Estados Unidos como "nem justas nem livres".

Ortega é um ex-guerrilheiro do movimento de esquerda dos anos 1970 conhecido como sandinista. Ele também governou o país nos anos 1980 depois que seu partido, a Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), derrubou em 1979 o ditador Anastasio Somoza, no episódio conhecido como Revolução Sandinista.

Os sandinistas governaram a Nicarágua até 1990, quando foram derrotados em eleição presidencial.

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