Londres - Como chefe de Estado, Elizabeth II se manteve sempre à margem dos vaivéns políticos britânicos, mas por conta do alcance do que está em jogo nesta quinta-feira na Escócia deixou entrever que, desta vez, não será tão neutra.
A soberana, de 88 anos, é admirada e respeitada pelos britânicos por seu estoicismo e por respeitar a vontade democrática, pois considera que está acima das batalhas políticas.
No entanto, perante a inquietação gerada pelo avanço da causa independentista na Escócia diante do referendo de hoje, Elizabeth II aproveitou uma oportunidade para dizer que os eleitores escoceses devem refletir com "atenção".
Seu comentário, realizado no domingo passado ao término de uma missa na igreja de Crathie Kirk, na Escócia, surpreendeu a todos e foi interpretado como uma clara referência que está a favor que a Escócia siga fazendo parte do Reino Unido.
Dirigindo-se a uma das pessoas reunidas perante a igreja para cumprimentá-la, a rainha - que rompeu assim o protocolo pois nunca se aproxima das pessoas quando vai a Crathie Kirk - disse: "Espero que as pessoas pense com muita atenção sobre o futuro".
Seu comentário surgiu depois que alguns políticos britânicos partidários da união se manifestaram a favor de uma intervenção da rainha para impedir o rompimento da Ata de União de 1707, pela qual a Escócia está unida ao Reino Unido.
No entanto, uma porta-voz do Palácio de Buckingham disse à Agência Efe que o referendo é um assunto "que compete ao povo da Escócia".
"A rainha é, e foi sempre, constitucionalmente imparcial em todos os assuntos políticos, incluindo o referendo de independência escocês. Não é uma função constitucional de Vossa Majestade encorajar as pessoas a votar de uma maneira ou outra", assegurou a porta-voz.
O resto da família real também mantém a neutralidade, apesar de príncipe Harry, filho do príncipe Charles, ter dado a entender esta semana que prefere a união ao afirmar, ao término de um evento esportivo para ex-combatentes, que espera que os próximos jogos aconteçam na escocesa Glasgow.
O único precedente sobre uma intervenção de Elizabeth II em assuntos políticos é de 1977, quando aproveitou um discurso por ocasião de seus 25 anos de reinado para lembrar que foi coroada "rainha do Reino Unido de Grã-Bretanha e Irlanda do Norte", por ocasião de uma votação na Escócia e no País de Gales para ceder-lhes autonomia, algo que finalmente não prosperou.
Mas aconteça o que acontecer hoje, saia o "sim" ou o "não", Elizabeth II seguirá sendo rainha do Reino Unido e rainha da Escócia, pois o primeiro-ministro regional escocês, o nacionalista Alex Salmond, já disse que os escoceses a querem como sua chefe de Estado.
A rainha está muito vinculada à Escócia. Tem sangue escocês por parte de mãe e passa todos os anos suas férias no castelo de Balmoral, em Aberdeenshire.
Este castelo, uma das residências mais famosas da soberana, foi comprada pelo príncipe Albert para a rainha Victoria e é utilizada por Elizabeth II para receber todos os meses de agosto o primeiro-ministro britânico e o escocês.
Além de Balmoral, a rainha costuma passar uma semana por ano no palácio de Holyrood, em Edimburgo, a residência oficial dos monarcas britânicos quando cruzam a terras escocesas.
Porém, as obrigações de Elizabeth II com o povo escocês, caso vença o "sim" à cisão, serão estabelecidas na Constituição que a Escócia redigirá antes de uma possível declaração de independência, já fixada para o dia 24 de março de 2016.
- 1. Monarcas do século 21
1 /30(REUTERS/Anna Gowthorpe/Pool)
São Paulo - A monarquia voltou à pauta depois da
abdicação do Rei Juan Carlos I na Espanha. Ele estava no poder há 39 anos. Apesar da democracia dominar o cenário político contemporâneo, com presidentes, primeiros-ministros e parlamentos, ainda há mais de 40 países com monarquias - o Império Britânico é responsável por muitos países nessa contagem, diga-se. Hoje, são 28 famílias reais. Algumas têm poderes absolutistas, mandando no país de fato. Outras, têm poderes limitados. Por fim, existem aquelas que são "meramente figurativas". Ter um família real para chamar de sua tem lá seu charme, pelo visto. Conheça a seguir as 28 monarquias contemporâneas, cujos respectivos emires, reis, príncipes e imperadores resistem aos séculos.
- 2. 1. Arábia Saudita
2 /30(Courtney Kealy/Getty Images)
O monarca da
Arábia Saudita é o rei e primeiro-ministro
Abdullah bin Abdul Aziz. No país, a monarquia tem o poder político de fato. Mas ele é o último que governará por hereditariedade. Por um decreto de 2006, depois de Abdullah os monarcas serão escolhidos por um comitê formado por príncipes sauditas. A família real saudita tem cerca de 30 mil membros.
- 3. 2. Kuwait
3 /30(Stephanie McGehee/Reuters)
O monarca do
Kuwait é o emir xeque
Al-Sabah al Ahmed Al-Sabah desde 2006. Ele controla uma poderosa companhia de petróleo no país. Sua família está no poder desde os anos 1700.
- 4. 3. Catar
4 /30(Mohamed Nureldin Abdallah/Reuters)
O emir
Tamim bin Hamad al-Thani chegou ao pode no
Catar após a morte do pai, em 2013. Sua família domina a política local desde 1825, além de companhias de petróleo.
- 5. 4. Emirados Árabes Unidos
5 /30(David Cannon/Getty Images)
Pela organização dos
Emirados Árabes Unidos , cada um dos sete distritos possui um monarca, com título de emir. Quem manda, geralmente, é o emir de Abu Dhabi, que também ocupa o cargo de presidente. Atualmente, essa pessoa é
Khalifa bin Zayed al-Nahyan, no poder desde 2004.
- 6. 5. Suazilândia
6 /30(Ishara S.Kodikara/AFP)
O rei de Suazilândia é, atualmente, Mswati III, desde que assumiu a coroa em 1986, depois do seu pai. Ele tinha apenas 18 anos à época. Com poderes de fato, ele tem o título de "Ngwenyama", que significa "leão".
- 7. 6. Brunei
7 /30(Christopher Furlong/Getty Images)
O sultão e primeiro-ministro de Brunei é Hassanal Bolkiah, desde 1967. Com grandes poderes, ele pode cuidar até mesmo do conselho legislativo e da Corte Suprema, que segue a sharia. Bilionário, ele tem uma residência privada que é considerada a maior do mundo.
- 8. 7. Omã
8 /30(Getty Images/Getty Images)
O monarca de Omã é o sultão Qaboos bin Said, desde 1970. Ele comando as finanças, o governo e os militares do país. Sua família está no poder desde os anos 1700.
- 9. 8. Bahrein
9 /30(Getty Images)
O atual rei do
Bahrein ,
Hamad bin Isa al-Khalifa, está no poder desde 1999. Em 2002, ele trocou o título de emir pelo de rei. Ele tem grandes poderes, mas enfrenta desde 2011 protestos pró-democracia.
- 10. 9. Jordânia
10 /30(Yussef Allan/AFP)
O rei da
Jordânia é
Abdullah II, que reina desde 1999. Tecnicamente, ele é chefe de governo. Outra pessoa tem o cargo de primeiro-ministro. Ele tem poderes suficientes para vetar leis e dissolver o parlamento.
- 11. 10. Marrocos
11 /30(AFP)
O rei do
Marrocos é
Mohammed VI. Em 2011, após a
Primavera Árabe , ele diminuiu os seus poderes. Contudo, ainda tem um poder significativo: pode indicar o primeiro-ministro e outros membros do governo.
- 12. 11. Vaticano
12 /30(Vincenzo Pinto/AFP)
- 13. 12. Mônaco
13 /30(Getty Images)
Aqui já começa a lista das monarquias que têm certo poder, mas já não mandam e desmandam com total poder em seus países. O monarca de
Mônaco é o
Príncipe Albert II, no poder desde 2005. O legislativo de Mônaco é constituído por eleição. Albert II até pode indicar o chefe de estado, mas apenas entre uma lista de três nomes já previamente votados e selecionados.
- 14. 13. Tailândia
14 /30(Getty Images)
O atual rei da
Tailândia ,
Bhumibol Adulyadej, está no poder desde 1952. Com pouco poder, ainda é importante no país. Pode perdoar crimes e vetar decisões do legislativo. Recentemente, aprovou a nova junta militar no país, após um golpe de estado.
- 15. 14. Império Britânico
15 /30(Philip Toscano/Reuters)
- 16. 15. Liechtenstein
16 /30(Sean Gallup/Getty Images)
Com pouco poder, recentemente Liechtenstein votou para, incrivelmente, aumentar os mandos do Príncipe Hans-Adam II. Ele pode dissolver o parlamento e vetar leis, por exemplo. Ele ainda é o chefe de estado.
- 17. 16. Tonga
17 /30(Wikimedia Commons)
O rei de Tonga, desde 2006, é George Tupou V. O trono foi herdado do seu pai. Assim que assumiu, prometeu que passaria muitos poderes para o primeiro-ministro, mas tem sido um monarca no estilo absolutista, provocando uma série de protestos pró-democracia.
- 18. 17. Butão
18 /30(Wikimedia Commons)
Jigme Khesar Namgyel Wangchuk é o líder da monarquia de Butão. Seu título é o de Druk Gyalpo, o que significa "Rei Dragão". Ele está no trono desde 2008. A família Wangchuk está no poder por cerca de um século.
- 19. 18. Noruega
19 /30(Ragnar Singsaas/Stringer/Getty Images)
Aqui começam as famílias reais meramente figurativas, apenas cerimonialistas. O rei da
Noruega é
Harald V. Sua agenda inclui reuniões com o gabinete do primeiro-ministro e com o parlamento. A monarquia é hereditária.
- 20. 19. Suécia
20 /30(Ragnar Singsaas-Pool/Getty Images)
O atual monarca é o
Rei Carl XVI Gustaf, com papel apenas em cerimônias. Como a
Suécia permite a sucessão feminina, a Princesa Victoria Ingrid Alice Desiree poderá assumir o trono como rainha no futuro.
- 21. 20. Holanda
21 /30(REUTERS / Dylan Martinez)
O
Rei Willem-Alexander tem apenas alguns meses de trono, depois que sua mãe, Beatrix, abdicou do trono após 33 anos. A
Holanda tem um parlamento bicameral. O rei, assim, não governa diretamente, mas tem sua importância como presidente do Conselho de Estado.
- 22. 21. Espanha
22 /30(Wikimedia Commons)
O
Rei Juan Carlos I acabou de abdicar na
Espanha , após 39 anos no poder. Quem assume agora é o
Príncipe das Astúrias, Felipe de Bórbon. A origem do poder de Juan Carlos vem do franquismo. Sucessor do ditador Franco, Juan assumiu o poder após sua morte, mas optou por criar uma constituição democrática em 1978.
- 23. 22. Dinamarca
23 /30(Wikimedia Commons)
O Reino da
Dinamarca tem como rainha
Margrethe II, que está no poder desde 1972. Ela tem poucos poderes diante do parlamento. Seu reinado inclui a Groenlândia.
- 24. 23. Luxemburgo
24 /30(Wikimedia Commons)
O monarca de
Luxemburgo não se define como rei, sim como grão-duque. Este é
Henri Guillaume, ou simplesmente Grand Duque Henri. É um chefe de estado com poucos poderes de fato.
- 25. 24. Bélgica
25 /30(Wikimedia Commons)
O rei da
Bélgica é
Philippe, com pouco tempo de monarca - herdou o treino do seu pai, que abdicou em 2013. É uma figura simbólica, apenas, mas tem desempenhado certo papel em manter o país unido, aliando os francófonos e os flamengos.
- 26. 25. Lesoto
26 /30(Divulgação)
Lesoto tem como monarca o Rei Letsie III, no poder desde 1996. Informalmente, ele era o rei desde 1990, quando seu pai foi para o exílio. A Constituição do país não lhe dá poderes políticos.
- 27. 26. Camboja
27 /30(Wikimedia Commons)
O Rei do
Camboja é
Norodom Sihamoni. Ele não possui poderes políticos, mas desempenha ofícios simbólicos. É o embaixador do Camboja na Unesco, por exemplo.
- 28. 27. Malásia
28 /30(Wikimedia Commons)
Cada estado da
Malásia tem um sultão. A cada cinco anos, uma eleição escolhe um desses sultões para se tornar o rei do país. Desde 2011, este é
Tuanku Abdul Halim Muadzam Shah. Ele não tem influência política.
- 29. 28. Japão
29 /30(Toru Yamanaka/AFP)
No
Japão , a dinastia Yamato tem origem para além dos anos 660. É a mais velha dinastia hereditária em todo o mundo. O atual líder é o
Imperador Akihito, no poder desde 1989. Ele permanece em seu palácio em Tóquio e, segundo a "lenda", é o 125º imperador de sua dinastia.
- 30. Agora conheça os políticos mais ricos do mundo
30 /30(Mark Renders/Getty Images)