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Netanyahu negociou fim de conflito em segredo, diz jornal

Netanyahu e Abbas teriam discutido questões referentes à troca de terras sobre as fronteiras de 1967, o status final de Jerusalém e o direito de retorno


	Netanyahu e Abbas teriam discutido questões referentes à troca de terras sobre as fronteiras de 1967, o status final de Jerusalém e o direito de retorno
 (Sebastian Scheiner/AFP)

Netanyahu e Abbas teriam discutido questões referentes à troca de terras sobre as fronteiras de 1967, o status final de Jerusalém e o direito de retorno (Sebastian Scheiner/AFP)

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Da Redação

Publicado em 6 de março de 2015 às 14h52.

Jerusalém - O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, realizou negociações secretas com palestinos através de um representante de sua confiança durante o mandato anterior com o objetivo de dar fim ao longo conflito entre as partes, informou o jornal israelense "Yedioth Ahronoth".

De acordo com um documento acessado pelo veículo, Netanyahu e o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, discutiram entre 2009 e 2013, através de interlocutores, questões referentes à troca de terras sobre as fronteiras de 1967, o status final de Jerusalém e o direito de retorno dos refugiados palestinos.

Hussein Agha, considerado um dos principais confidentes de Abbas e membro da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), foi identificado como o representante palestino.

O lado israelense foi representado pelo advogado Isaac Molcho, que fez parte da equipe negociadora no último e fracassado processo de paz promovido pelo secretário de Estado americano, John Kerry.

O documento, intitulado "Minuta para o Estabelecimento de Propostas para uma Disposição Permanente", foi publicado no caderno de fim de semana do "Yedioth" e evidencia divergências com a dura postura pública mostrada pelo primeiro-ministro israelense em relação às negociações.

Segundo o relatório, Netanyahu iria propor "uma retirada total das forças israelenses do território palestino aplicada de maneira progressiva" e respeitando as fronteiras anteriores à ocupação dos territórios palestinos na Guerra dos Seis Dias de 1967, condição indiscutível para os palestinos.

"As partes concordaram que a Palestina seja um Estado independente, soberano e viável cujo tamanho será estabelecido em relação às áreas que estavam sob controle da Jordânia e do Egito antes de 4 de junho de 1967. O acordo estabelece que a formação da Palestina atenderá a todas as reivindicações, incluindo a questão dos assentamentos", diz o documento.

Segundo o texto, alguns dos assentamentos judaicos na Cisjordânia ocupada seriam desmantelados e outros poderiam permanecer. Os israelenses que decidissem viver no Estado ficariam "sob a jurisdição palestina".

Sobre Jerusalém, que Israel proclamou em 1980 como "capital eterna e indivisível" e cuja parte oriental (ocupada em 1967) é reivindicada pelos palestinos como capital de seu Estado, não se contempla uma resolução final, mas é deixado "um reconhecimento implícito" à reivindicação palestina, analisou o jornal.

"Qualquer solução deve abordar os laços históricos, sociais, culturais e efetivos de ambos os povos com a cidade e oferecer proteção a seus lugares sagrados", relatam as informações.

Em virtude deste documento, os palestinos receberiam um ponto de apoio permanente no Vale do Jordão, tema de atrito durante o último processo de negociação pela reticência de Israel a ceder parte de seu controle.

Além disso, os refugiados palestinos poderiam ter seu direito de retorno cumprido "sobre uma base pessoal, em contraposição à nacional".

O jornal ressalta que o gabinete de Netanyahu reagiu à informação garantindo que "em nenhum momento" o primeiro-ministro "se compromete a retirar as fronteiras de 1967, dividir Jerusalém ou reconhecer o direito de retorno palestino".

O documento foi classificado como uma proposta americana que "fracassou em concluir um acordo" e nunca foi aceita por Israel.

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