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Netanyahu defende conflito em Gaza no Congresso americano e milhares protestam contra ele

Primeiro-ministro israelense está em Washigton e deve se encontrar com Donald Trump

Benjamin Netanyahu, acena antes de discursar em uma reunião conjunta do Congresso no Capitólio dos EUA em 24 de julho de 2024 em Washington, DC (ROBERTO SCHMIDT/AFP)

Publicado em 25 de julho de 2024 às 08h25.

"Nossos inimigos são seus inimigos", afirmou nesta quarta-feira, 24, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, em um discurso inflamado noCongressoamericano, durante o qual chamou o Irã de "eixo do terror" e defendeu uma desradicalização do território palestino.

Essa foi a quarta vez que Netanyahu tomou a palavra no Congresso dos Estados Unidos, um recorde para um líder estrangeiro. Ele foi aplaudido de pé por republicanos ao chegar ao local, enquanto os democratas, descontentes com sua condução do conflito na Faixa de Gaza, permaneceram sentados.
"Para que as forças da civilização triunfem, os Estados Unidos e Israel devem permanecer unidos", ressaltou Netanyahu.

Perto do Congresso, um protesto reuniu milhares de manifestantes, alguns deles agitando bandeiras palestinas.

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Organizadores da manifestação, entre palestinos e judeus, subiram ao palco e denunciaram os Estados Unidos e o governo de Israel por "genocídio", pedindo uma "prisão cidadã" de Netanyahu.

"Parem a ajuda dos Estados Unidos a Israel", disse à AFP Yudyth Hernández, manifestante de 24 anos. Esse dinheiro seria melhor se "financiasse nossas escolas", acrescentou.

Cinco pessoas foram presas dentro da Câmara dos Representantes por interromperem o discurso, segundo a polícia do Capitólio.

Guerra Israel e Hamas

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Idiotas úteis

O líder israelense focou no Irã, inimigo de seu país. Chamou os manifestantes apoiadores de "idiotas úteis do Irã" e disse que os Estados Unidos e o mundo árabe estão ameaçados pelo "eixo do terror" da república islâmica.

"Isso não é um choque de civilizações, é um choque entre barbárie e civilização. Nossos inimigos são seus inimigos, nossa luta é sua luta e nossa vitória será a sua vitória", disse Netanyahu, que pediu que os Estados Unidos acelerem a ajuda militar à sua ofensiva armada.

O governo Biden criticou nos últimos meses as consequências da resposta de Israel ao ataque do Hamas em 7 de outubro, que desencadeou o conflito na Faixa de Gaza.

Washington insiste em que Israel deve proteger mais os civis e permitir a entrada de ajuda humanitária.Os Estados Unidos chegaram a suspender a entrega de alguns tipos de bomba, o que irritou o governo israelense.

A prioridade do presidente americano é pressionar Netanyahu a fechar um acordo de cessar-fogo com o Hamas, e alguns observadores suspeitam de que o premiê israelense esteja procrastinando por conta da pressão dos membros de extrema direita do seu governo.

Um funcionário americano, que preferiu não ser identificado, afirmou hoje que as negociações para um cessar-fogo na Faixa de Gaza e a libertação de reféns encontram-se nas "etapas finais".

Netanyahu agradeceu a Biden por seus "esforços incansáveis em favor dos reféns". Seu Exército estima que 116 pessoas permaneçam retidas na Faixa de Gaza, e que 44 delas teriam morrido.

Em comunicado, o Hamas acusou Netanyahu de mentir sobre as negociações de trégua e criticou o Congresso por "dar a ele uma oportunidade de limpar sua imagem”.

“O discurso de Netanyahu sobre esforços mais intensos para a devolução dos reféns é uma mentira absoluta e engana a opinião pública israelense, americana e internacional. Foi ele que frustrou todos os esforços para encerrar a guerra e fechar um acordo para a libertação dos prisioneiros”, afirmou o grupo.

Desmilitarização

Washington também considera importante se preparar para o pós-guerra, e existe um abismo entre os governos americano e israelense sobre a perspectiva de criação de um Estado palestino.

Netanyahu deu indicações de como vê o pós-guerra: "Depois da nossa vitória, com a ajuda dos aliados regionais, a desmilitarização e desradicalização da Faixa de Gaza também pode levar a um futuro de segurança, prosperidade e paz."

O premier também ressaltou que fará "o que for necessário para restabelecer a segurança" na fronteira norte, cenário de confrontos com o movimento libanês Hezbollah, apoiado pelo Irã.

A visita do líder israelense acontece em um momento de agitação política nos Estados Unidos, após a tentativa de assassinato do ex-presidente e atual candidato republicano à Casa Branca, Donald Trump. Netanyahu homenageou o republicano, com quem vai se reunir na próxima sexta-feira no estado da Flórida.

"Agradeço ao presidente Trump por tudo o que fez por Israel, desde reconhecer a soberania em relação às Colinas de Golã até enfrentar a agressão do Irã, passando pelo reconhecimento de Jerusalém como nossa capital e a transferência da embaixada americana para lá", disse o premiê, que vai se reunir amanhã, separadamente, com Joe Biden e Kamala Harris.

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