Segundo o premiê israelense, EUA se comprometeram a não exigir nova moratória (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 17 de novembro de 2010 às 07h22.
Jerusalém - O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, atrasou a votação da proposta para uma nova moratória das construções na Cisjordânia, prevista para esta quarta-feira no gabinete de segurança, por divergências com os Estados Unidos sobre a fórmula escrita das garantias que Israel receberá.
Fontes do Escritório do premiê israelense disseram aos diários "Yedioth Ahronoth" e "Ha'aretz" que há "diferenças" entre as garantias que Netanyahu acordou com a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, em sua reunião na última quinta-feira, e o que Washington está disposto a colocar por escrito.
O epicentro do que o "Yedioth Ahronoth" qualifica como "uma nova crise com os EUA" é Jerusalém Oriental, onde foi acordado, segundo Israel, que não haveria moratória.
Washington não inclui essa reserva em sua carta de garantias, vital para Netanyahu por ser uma das condições do partido ultraortodoxo Shas para abster-se na votação e garantir a maioria a favor.
Segundo os termos do acordo que foi apresentado a Israel nos últimos dias, Washington se comprometeu a emprestar ao país ajuda diplomática e militar em troca de 90 dias de moratória.
Netanyahu explicou no domingo a seu Conselho de Ministros que os EUA se comprometeriam a não exigir novas moratórias e que em Jerusalém Oriental - que os palestinos aspiram declarar a capital do seu futuro Estado - seria possível construir, mas o documento negociado adota uma fórmula vaga demais em ambos os assuntos.
Uma fonte próxima ao primeiro-ministro citada pelo "Ha'aretz" atribui os atrasos às queixas dos palestinos.
"Os palestinos sustentam que os entendimentos alcançados entre Hillary e Netanyahu beneficiam Israel e prejudicam sua capacidade de negociação", disse a fonte israelense.
Em 27 de setembro, o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, interrompeu temporariamente as negociações de paz, após, com o término da moratória parcial de dez meses, Israel retomar a construção nas colônias que se encontram em território palestino ocupado.
Na noite desta terça-feira, Isaac Molho, homem de confiança do primeiro-ministro israelense, continuava as negociações com o Departamento de Estado para obter um documento que Netanyahu possa apresentar ao gabinete de segurança, e que antes terá de passar pelas mãos do rabino Ovadia Yosef, líder espiritual do Shas.
O Escritório de Netanyahu teme que os atrasos para chegar a um documento pactuado acabem atrapalhando os esforços diplomáticos, ao dar mais tempo para que ganhem força colonos e deputados da coalizão de Governo que se opõem à moratória.