Netanyahu agradece a Trump e Biden por ajuda para alcançar cessar-fogo em Gaza
Acordo foi anunciado na última quarta-feira e além do auxílio americano, contou com a mediação de Catar, Egito
Agência de Notícias
Publicado em 16 de janeiro de 2025 às 06h58.
Última atualização em 16 de janeiro de 2025 às 07h09.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, agradeceu nesta quarta-feira, 15, ao atual presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que está em fim de mandato, e ao próximo ocupante da Casa Branca, Donald Trump, pela ajuda para que fosse alcançado um cessar-fogo com o grupo islâmico palestino Hamas na Faixa de Gaza.
O gabinete do premiê israelense disse em um comunicado que ele reconheceu, ao falar com os dois separadamente, a contribuição de ambos para o avanço do pacto entre seu país e o grupo islâmico palestino Hamas.
Em particular, ele agradeceu a Trump, que assumirá o cargo em 20 de janeiro, “ por sua ajuda em promover a libertação dos reféns e em ajudar Israel a acabar com o sofrimento de dezenas de reféns e suas famílias”.
“O primeiro-ministro deixou claro que está comprometido com a devolução de todos os reféns por qualquer meio e parabenizou o presidente eleito americano por suas palavras de que os EUA trabalharão com Israel para garantir que Gaza nunca seja um refúgio para o terrorismo”, disse o gabinete de Netanyahu.
Ele e Trump concordaram em se encontrar “em breve” em Washington para discutir essa e outras questões “importantes”.
A nota dedicou mais espaço à conversa com o próximo presidente americano do que à com Biden, sobre quem disse apenas que “também o agradeceu pela ajuda no avanço do acordo sobre os reféns”.
A Casa Branca disse que Biden conversou com Netanyahu para parabenizá-lo pelo acordo, no qual os EUA atuaram como mediadores.
“Os dois líderes discutiram as condições inimagináveis pelas quais os reféns - incluindo os americanos - passaram durante seus 15 meses de cativeiro e o terrível sofrimento que suas famílias enfrentaram, e expressaram alegria pelo fato de que os reféns logo se reunirão com suas famílias”, disse a nota presidencial dos EUA.
O cessar-fogo anunciado entrará em vigor no próximo domingo e permitirá a libertação dos reféns israelenses - vivos e mortos - e o acesso humanitário ao enclave palestino, onde mais de 46.700 pessoas foram mortas na guerra desde 7 de outubro de 2023.
Reações internas em Israel
O ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, classificou o acordo de cessar-fogo como “ruim e perigoso” para a segurança nacional do Estado israelense.
“O acordo é ruim e perigoso para a segurança nacional do Estado de Israel. Junto com a grande alegria e entusiasmo pelo retorno de cada um dos sequestrados, a transação sacrifica muitas conquistas da guerra em que os heróis desta nação sacrificaram suas vidas e nos custará muito sangue”, disse.
Embora Smotrich, um colono e líder do Partido Religioso Sionista, e o ministro da Segurança Nacional, o também colono e ultradireitista Itamar Ben Gvir, tenham ameaçado não apoiar o acordo - e até mesmo deixar o governo -, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu tem apoio majoritário garantido na votação de quinta-feira.
“Nós nos opomos fortemente. Não ficaremos em silêncio. A voz do sangue de nossos irmãos clama por nós. Uma condição clara para nossa permanência no governo é a certeza absoluta de um retorno à guerra com grande força, em seu escopo total e em uma nova configuração até a vitória completa”, declarou Smotrich.
A ultradireita israelense é contra qualquer negociação com o Hamas, que ela vê como uma concessão, mesmo ao custo de reféns, e até mesmo pretende reassentar a Faixa.
“Nos últimos dois dias, o primeiro-ministro e eu tivemos discussões acaloradas sobre o assunto. Ele sabe quais são as exigências detalhadas do Partido Religioso Sionista, e a bola está em suas mãos”, ameaçou.
Da parte da oposição israelense, as mensagens foram mais otimistas, e seu líder, o centrista Yair Lapid, pediu que o acordo não fique na primeira fase de implementação - inicialmente um período de seis semanas - e avance para a libertação de todos os reféns em poder do Hamas.
O líder opositor Benny Gantz, de centro-direita e ex-ministro da Defesa, disse que garantir a libertação dos reféns era “um imperativo moral e estratégico”, enquanto o ex-ministro da Defesa Yoav Gallant - destituído por Netanyahu em novembro por insistir na necessidade de um acordo - elogiou o retorno inicial antecipado de 33 reféns.