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'Não estão fazendo o suficiente para ajudar sírios', diz MSF

O diretor-geral da organização, Filipe Ribeiro, disse que é necessária uma assistência humanitária que não tenha relações com ações políticas e diplomáticas


	Jovem sírio ferido é carregado em maca em Alepo, na Síria: as autoridades sírias já comunicaram que a MSF não é bem-vinda
 (Vedat Xhymshiti/AFP)

Jovem sírio ferido é carregado em maca em Alepo, na Síria: as autoridades sírias já comunicaram que a MSF não é bem-vinda (Vedat Xhymshiti/AFP)

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Da Redação

Publicado em 21 de agosto de 2012 às 21h36.

Paris - A Médicos Sem Fronteiras (MSF), que há dois meses enviou uma equipe para a Síria, disse nesta terça-feira que garantir o acesso das organizações humanitários no país é indispensável e denunciou que a comunidade internacional ''não está fazendo o suficiente'' pela população do país.

O diretor-geral da organização, Filipe Ribeiro, disse que é necessária uma assistência humanitária que não tenha relações com ações políticas e diplomáticas.

''O plano de paz da ONU não funcionou bem, mas não se deve confundir ação humanitária com política. Esperamos que a comunidade internacional nos deixe entrar no país e tratar dos pacientes'', disse o representante da associação.

É a primeira vez que a Médicos Sem Fronteiras trabalha no interior da Síria, após várias tentativas fracassadas e ''condições de acesso extremamente complexas''. Apesar de não se sentirem acuados nem pelo exército nem pelos rebeldes, a associação prefere não divulgar sua localização para garantir a continuidade da missão.

Segundo Ribeiro, as autoridades sírias já comunicaram que a MSF não é bem-vinda e que se encontra em situação ilegal. Porém, embora tenham dito que conhecem a localização da associação, que ficaria em uma zona controlada por rebeldes, não deram sinais de que atacariam a missão.

Desde meados de junho, a associação já atendeu mais de 300 pacientes e realizou cerca de 50 cirurgias na Síria, a maioria delas em pessoas com ferimentos de bala.

''Nossas portas estão abertas para todo o mundo'', indicou a cirurgiã Anna Nowak, que insistiu que não interessa saber se o paciente é um combatente ou uma vítima civil, mas ''se respira ou não, ou se tem alguma fratura''.


O que mais impressionou os voluntários, segundo a cirurgiã, é que as pessoas ''após horas ou dias sem cuidados, ainda têm forças para enfrentar as dificuldades do acesso e chegar até nós''.

A distribuição de material e de eletricidade e água, segundo o anestesista Brian Moller, encarregado da direção do hospital, é ''um desafio''.

A organização diz que embora não tenha problemas de recursos o cuidado que estão oferecendo é ''insuficiente'' e insiste que as organizações humanitárias tenham mais liberdade.

''Gostaríamos de ajudar a todos que necessitem, vamos ver quanto tempo iremos durar'', disse Moller.

A MSF evita se pronunciar em termos políticos, mas destaca ter se surpreendido com a solidariedade da população síria - ''quando eles viam que precisávamos de sangue, por exemplo, apareciam umas 50 pessoas dispostas a doar''- e de como tentam manter uma vida normal dentro do contexto de instabilidade.

''Gostaria que chegassem a uma solução política, mas tenho a sensação, por enquanto, que responder aos bombardeios é a única forma de manter a luta'', concluiu Moller.

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