Alguns países da América do Sul estão vivendo uma onda de calor inédita, segundo o Instituto de Meteorologia da Argentina. Nos últimos dias, foram registradas temperatura de 45ºC na Patagônia, centro e norte da Argentina. "Países como Argentina, Uruguai e Brasil estão experimentando os dias mais quentes da história recente", disse a meteorologistaCindy Fernández, do serviço meteorológico de Buenos Aires.
Uma das principais causas do fenômeno é a formação de uma massar de ar quente sobre a Argentina. A radiação solar também aumentou, em meio a um contexto de seca no sul do continente.
Em Buenos Aires, foi batido o recorde de calor dos últimos 27 anos, com temperaturas ao redor de 43ºC na segunda semana do mês. O Uruguai registra o mesmo fenômeno, com os termômetros chegando a 45ºC. Na Argentina, cidades como Córdoba,Punta Indio, Las Flores, El Palomar e San Fernando atingiram a temperatura mais alta dos últimos 50 anos.
No Brasil, cidades como São Paulo e Rio de Janeiro estão entre as mais afetadas. Os termômetros têm marcado máximas de 35ºC na capital paulista, consequência da formação de uma forte massa de ar quente. O calor deve continuar durante toda a semana. Enquanto isso, o Rio segue sem previsão de chuva e temperaturas intensas.
No Rio Grande do Sul, as temperaturas de 40ºC devem começar a dar trégua a partir desta quarta-feira, dia 26. A previsão é que o início de fevereiro seja marcado por chuvas, com algum alívio para o impacto do clima seco e quente nas lavouras da região, embora boa parte dos estragos seja considerada irreversível. Também deve chover no Mato Grosso.
Agricultura
A onda de calor intensa afeta as principais culturas na Argentina, com destaque para a soja. As altas temperaturas têm sido acompanhadas por uma seca intensa, que prejudica as plantações nas províncias de Santa Fé, Misiones e Córdoba. Nas duas últimas, a combinação de calor e falta de umidade chegou a provocar incêndios na zona rural.
A Bolsa de Valores de Buenos Aires alertou que a previsão de continuidade do clima seco nos próximos meses deve representar um desafio para a produção de milho e soja. O país é o maior exportador mundial de óleo de soja processado e farelo de soja. A expectativa de colheita de 44 milhões de toneladas de soja poderá ser revista.
No Brasil, a falta de chuvas impactou negativamente o cultivo de soja no Rio Grande do Sul. Em outro grande estado produtor, o Mato Grosso do Sul, a produtividade também segue pressionada pela seca. A boa notícia é que a expectativa para a colheita de grãos na região do Matopiba, no Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, continua favorável. O mercado, no entanto, reviu a previsão para a safra de soja, que deve ficar em 133,4 milhões de toneladas este ano, ainda assim 8% a mais do que em 2020.