Nações ricas prometeram acolher 100 mil refugiados sírios
Agência da ONU disse que governos ocidentais atenderam ao pedido para acolherem mais refugiados sírios, e estimou que mais de 100 mil vagas serão oferecidas
Da Redação
Publicado em 9 de dezembro de 2014 às 20h12.
Genebra - A agência da Organização das Nações Unidas para refugiados declarou nesta terça-feira que governos ocidentais atenderam ao pedido para que acolham mais refugiados sírios de países vizinhos e estimou que, no todo, mais de 100 mil vagas serão oferecidas nos próximos meses.
O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), que quer reassentar 130 mil sírios fora da região até o fim de 2016, disse que a cifra inclui 62 mil vagas que já foram prometidas por países como Alemanha e Suécia .
O resultado foi criticado pela agência de assistência Oxfam, que afirmou que os Estados ocidentais poderiam ter feito mais.
Desde que as manifestações contra o governo em 2011 descambaram para uma guerra civil, mais de 3,2 milhões de sírios se registraram como refugiados na região, e nações vizinhas como Líbano, Jordânia e Turquia absorveram grande parte da emergência.
Diante dos números alarmantes, os vizinhos da Síria começaram a restringir o acesso das pessoas em fuga do conflito.
“Hoje, 28 países expressaram sua solidariedade com os refugiados sírios, mas também com os cinco países vizinhos que os abrigam, como Líbano, Jordânia, Turquia, Iraque e Egito, oferecendo o que estimamos que serão mais de 100 mil oportunidades de reassentamento e acolhimento humanitário", afirmou o Alto Comissário das Nações Unidas para Refugiados, António Guterres, a repórteres.
Ele se pronunciou no fim de uma conferência de pedido de ajuda em nível ministerial em Genebra, na qual autoridades de primeiro escalão dos vizinhos da Síria detalharam o fardo financeiro que acolher milhões de sírios está impondo às suas economias, apelando por mais ajuda humanitária e para que mais países aceitem refugiados.
Enfatizando as dificuldades que as comunidades enfrentam para acomodar os milhões de sírios --menos empregos, salários menores, infraestruturas sobrecarregadas, maior exigência de água, eletricidade, educação e serviços de saúde--, Guterres declarou: "Tenho que dizer que o mundo tem uma dívida de gratidão com os países vizinhos que provavelmente nunca poderá pagar ou expressar totalmente." Como quase metade da população síria está desabrigada dentro do país ou refugiada no exterior, a necessidade de reassentamento irá durar anos.
“Acreditamos que um décimo dos refugiados sírios na região deveria ser reassentado”, disse Guterres.
Entre estes estão os mais vulneráveis, como sobreviventes de tortura, pessoas com necessidades médicas prementes e mulheres que ficaram sozinhas para cuidar dos filhos. Desde 2013, a Alemanha se comprometeu a receber 30.000 sírios, a Austrália 5.600, a Suécia 1.200 e a Noruega 1.000.
Habitantes: 402,361 pessoas
Contexto: um complexo de cinco campos abriga pessoas que fugiram da guerra civil na vizinha Somália.
Habitantes: 198,462 pessoas
Contexto: complexo de cinco campos abriga somalianos que fugiram das condições precárias (fome e seca) de seu país
Habitantes: 124,814 pessoas
Contexto: o campo abriga somalianos e sudaneses que fugiram das guerras e condições precárias em seus países de origem
Habitantes: 122,723 pessoas
Contexto: abriga refugiados sírios que escaparam da guerra civil em seu país
Habitantes: cerca de 110,000 pessoas
Contexto: abriga palestinos desde o fim da guerra árabe-israelense, em 1948
Habitantes: cerca de 90 mil pessoas
Contexto: um complexo de cinco campos abriga africanos do oeste do deserto do Saara desde o conflito com forças marroquinas por questões territoriais na década de 1970
Habitantes: 70.095 pessoas
Contexto: sudaneses que fugiram da guerra civil que separou o Sudão e agora tentam escapar de condições de miséria vivem no campo
Habitantes: 69.676 pessoas
Contexto: a maioria dos refugiados fugiram do conflito no país vizinho Mali, que sofreu um golpe militar em 2012, após dez anos de relativa estabilidade. Disputas com rebeldes separatistas no norte levaram a um intervenção francesa no país e eleições foram instauradas. O novo presidente tomou posse nesta quarta-feira.
Habitantes: 68.996 pessoas
Contexto: abriga refugiados de Ruanda desde a guerra civil e genocídio na década de 1990
Habitantes: 68.197 pessoas
Contexto: criado no fim da década de 1990, abriga milhares de congoleses que fugiram da guerra civil no país
Habitantes: 66.700 pessoas
Contexto: um complexo com 112 campos abriga refugiados da guerra no Sri Lanka, onde guerrilheiros de uma minoria étnica lutam pelo separatismo há mais de quinze anos. Na região, ainda mais 34 mil cingaleses vivem fora dos campos de refugiados
Habitantes: 56.820 pessoas
Contexto: uma vila onde refugiados afegão vivem há mais de 30 anos, fugidos de regimes fundamentalistas e guerras em seu país
Habitantes: 53.537 pessoas
Contexto: uma vila onde refugiados afegãos vivem há mais de 30 anos, fugidos de regimes fundamentalistas e guerras em seu país