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Da Redação
Publicado em 12 de outubro de 2010 às 18h38.
Os recentes anúncios de reestruturação da Volkswagen, que envolverá a demissão de 20 000 trabalhadores, e da Renault - que pretende manter seu quadro de funcionários - mostram que as empresas européias não escaparão ilesas da crise que envolve o setor automotivo mundial, cujos maiores exemplos eram, até agora, as companhias americanas General Motors e Ford.
De acordo com a revista britânica The Economist, por ser a maior montadora do velho continente, os passo da Volks tendem a ser seguidos de perto pelas concorrentes regionais, como a italiana Fia e as francesas Renault e Peugeot. No geral, o foco da reestruturação da empresa alemã é a redução de custos de produção no seu país-sede, além buscar regiões mais baratas no exterior para fabricar seus veículos com custos mais baixos.
A principal questão é se as montadoras européias conseguirão sobreviver como grandes empregadoras em seus países de origem, dada a profunda discrepância entre os custos trabalhistas na Europa Ocidental (em particular, na Alemanha e na França) e no Leste Europeu (Romênia, Eslováquia e República Checa, entre outros). A resposta ao problema causará profundo impacto nas economias locais, o que vem deixando políticos e sindicatos ansiosos.
Grandes empregadores
A importância das montadoras para a estabilidade dos países europeus pode ser medida pelo peso do setor na Alemanha, onde 1,8 milhão de empregos pertencem à cadeia produtiva do setor automotivo. Um em cada sete empregos alemães estão, direta ou indiretamente, ligados à indústria automotiva.
A França e a Itália encontram-se na mesma situação. A Renault, segunda maior montadora francesa, anunciou um plano de reestruturação com metas para os próximos quatro anos no início de fevereiro. Os mais otimistas esperam que as medidas propiciem a reversão dos resultados da empresa em poucos meses.
Já na Itália, a Fiat implementou, em maio de 2004, um plano que envolve a demissão de 15% de sua mão-de-obra. Posteriormente, a empresa adotou ainda uma estratégia de congelar o número de vagas, por meio aposentadorias e de um programa subsidiado pelo governo para contratação de empregados temporários. Mas é possível que a empresa adote medidas mais duras após as eleições de abril.
Concorrência do Leste
Segundo a Economist, na base da crise está o elevado custo da mão-de-obra no Velho Mundo. Quando anunciou sua reestruturação, a Volks divulgou números que mostravam a disparidade dos valores pagos a funcionários alemães e não-alemães. No país em que foi criada, a montadora paga cerca de 50 euros por hora para seus funcionários. Na República Checa, a cifra baixa para 5,2 euros. Na China, o custo cai para 1,1 euro.
Os mais pessimistas acreditam que a tendência é irrefreável e a migração das plantas automotivas para outros países se intensificará. Para esses especialistas, a produção de veículos na Europa Ocidental deve praticamente ser extinta dentro de dez a 15 anos.