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Mursi diz que não haverá estabilidade no Egito

Segundo comunicado, Mursi denunciou ter sido "sequestrado à força" desde um dia antes de sua derrocada pelos militares


	Mohammed Mursi: presidente deposto está sendo julgado com outros 14 dirigentes islamitas por seu suposto envolvimento na morte de manifestantes
 (Getty Images)

Mohammed Mursi: presidente deposto está sendo julgado com outros 14 dirigentes islamitas por seu suposto envolvimento na morte de manifestantes (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 13 de novembro de 2013 às 10h56.

Cairo - O presidente deposto Mohammed Mursi afirmou em mensagem aos egípcios que não haverá estabilidade no país até que "se anulem os efeitos do golpe de Estado", que o destituiu no dia 3 de julho.

Segundo o comunicado, lido hoje por sua equipe jurídica em entrevista coletiva no Cairo, Mursi denunciou ter sido "sequestrado à força" desde um dia antes de sua derrocada pelos militares.

O ex-mandatário explicou que primeiro esteve detido três dias na sede da Guarda Republicana, no Cairo, e depois em uma base naval, nos primeiros dados revelados sobre seu périplo após o golpe de estado.

Afirmou, ainda, que desde 2 de julho não se reuniu com ninguém das Forças Armadas egípcias, como publicaram alguns veículos de imprensa, e que só recebeu a chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Catherine Ashton, e representantes africanos e juristas.

Em alusão aos contínuos protestos de seus seguidores, agradeceu "a firmeza incomparável do povo", que - acrescentou - se rebelou contra o golpe militar "desde o primeiro dia".

"Essa firmeza é uma mensagem clara de que o tempo do golpe acabou", diz o texto, que Mursi entregou ontem aos advogados que o visitaram na prisão de Burg al Arab em Alexandria.

Como já fez durante a primeira sessão de seu julgamento no dia 4 de novembro, Mursi insistiu em sua legitimidade como presidente e que sua destituição foi "um golpe militar, um crime e uma traição a deus e ao povo".

O líder acusou diretamente o ministro da Defesa e chefe do exército, Abdel Fatah al Sisi, de ter traído seu juramento de lealdade.

Por isso, Mursi planeja abrir um processo contra os responsáveis pelo golpe de Estado, segundo explicou na entrevista coletiva Mohammed Damati, chefe da equipe jurídica de Mursi.

O presidente deposto não reconhece o tribunal que o julga e por enquanto não aceitou ter um advogado de defesa, apenas uma equipe de assessores.

Damati acrescentou que ainda é cedo e não é adequado decidir se Mursi terá um advogado, desmentindo assim as informações de que o eleito seria o intelectual islamita e ex-candidato presidencial, Mohammed Selim al Awa.

Também apontou que Mursi não respondeu às perguntas dos investigadores, alegando que "não têm direito de interrogar o presidente legítimo".

Mursi, dirigente da Irmandade Muçulmana até sua eleição como líder em junho de 2012, está sendo julgado com outros 14 dirigentes islamitas por seu suposto envolvimento na morte de manifestantes. 

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