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Mundo não consegue mínimo de recursos para combater zika

A Organização Mundial da Saúde conta com apenas US$ 7,9 milhões dedicados ao combate à zika, que está se espalhando em 60 países


	Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue e zika virus: planeta nunca havia visto um vírus transmitido por um mosquito que causasse microcefalia
 (Alvin Baez / Reuters)

Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue e zika virus: planeta nunca havia visto um vírus transmitido por um mosquito que causasse microcefalia (Alvin Baez / Reuters)

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Da Redação

Publicado em 1 de julho de 2016 às 09h51.

Mais de cinco meses após o presidente dos EUA, Barack Obama, ter pedido US$ 1,9 bilhão para o combate à epidemia do vírus Zika, os membros do Congresso irão para casa fazer seus churrascos de 4 de julho sem aprovar o gasto.

Embora a disfunção de Washington seja previsível devido ao atual clima eleitoral, a inércia internacional frente aos esforços de combate à doença transmitida por mosquitos foi menos notada.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) conta com apenas US$ 7,9 milhões dedicados ao combate à zika, que está se espalhando em 60 países e é culpada por mais de 1.600 defeitos congênitos sérios, principalmente no Brasil.

O planeta nunca havia visto um vírus transmitido por um mosquito que causasse microcefalia, resultando em bebês nascidos com cabeças pequenas e danos cerebrais. No continente americano, a zika está se propagando em populações que nunca haviam sido expostas e que, portanto, não desenvolveram nenhuma imunidade natural.

Para colocar a falta de financiamento em perspectiva: o revezamento da tocha olímpica, que dura três meses e termina na cerimônia de abertura dos Jogos, no Rio de Janeiro, neste inverno no Hemisfério Sul, patrocinado por Coca-Cola, Nissan e Bradesco, tem um orçamento maior que a estratégia da OMS para o combate à zika em dois anos.

“As atividades propostas pela OMS e por seus parceiros receberam pouco financiamento até o momento e, sem recursos suficientes, a resposta provavelmente não será bem-sucedida”, escreveu a OMS em seu Plano de Resposta Estratégica ao Zika.

Uma lição da epidemia do ebola, na África Ocidental, é que o mundo precisa responder rapidamente aos surtos, disse Anne Schuchat, vice-diretora do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA.

“Nós precisamos que o mundo acelere e não podemos esperar pela resolução de toda a política e de todos os problemas”, disse Schuchat em entrevista no início do mês. Embora as autoridades de saúde estejam respondendo com o dinheiro que têm, nenhuma aceleração se materializou. “As coisas estão um pouco estagnadas no momento em termos de resposta real”.

A OMS, que faz parte da Organização das Nações Unidas, buscou US$ 25 milhões para os seis primeiros meses da crise, que o órgão declarou emergência internacional de saúde pública em 1º de fevereiro.

Governos e entidades filantrópicas prometeram apenas US$ 4,1 milhões até o momento, com doações da Austrália, Canadá, Japão, Nova Zelândia, Noruega e da Fundação Bill & Melinda Gates. Os EUA, o Reino Unido e as grandes potências da União Europeia não contribuíram com nada.

Para tentar compensar o déficit, a OMS tomou emprestados mais US$ 3,8 milhões de um fundo de emergência criado após a epidemia do ebola – constituído devido ao atraso do financiamento e da resposta internacional inadequada àquela crise.

A organização com sede em Genebra diz que espera requerer mais US$ 122 milhões para o vírus Zika até o fim do ano que vem. “Temos que misturar os fundos e as equipes de outros programas para conseguir dar suporte a uma resposta”, disse a porta-voz da OMS, Nyka Alexander, por e-mail. “Isto não é sustentável a longo prazo”.

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