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Mulheres protestam na Polônia contra possível restrição do aborto

Em todas as concentrações organizadas hoje é exigido ao governo polonês que respeite o direito da mulher a decidir sobre seu corpo

Protesto: um grupo de ativistas se concentrou no centro de Varsóvia para recolher assinaturas contra qualquer endurecimento da legislação (Slawomir Kaminski/Reuters)
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EFE

Publicado em 24 de outubro de 2016 às 14h58.

Varsóvia - Grupos de mulheres vestidas de negro protestaram nesta segunda-feira nas principais cidades polonesas contra a possibilidade de restrição da lei do aborto , depois que o partido governante, Lei e Justiça, se manifestou a favor de proibí-lo nos casos de má-formação do feto.

Um pequeno grupo de feministas e ativistas em defesa dos direitos da mulher se concentrou no centro de Varsóvia para recolher assinaturas contra qualquer endurecimento da legislação.

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"Estamos recolhendo muitíssimas assinaturas de apoio, nem sequer podemos contá-las, muita gente quer assinar para conseguir uma Polônia mais livre", garantiu à Agência Efe uma das participantes da iniciativa.

A concentração viveu momentos de tensão quando um grupo de ativistas pró-vida se manifestava pacificamente e foi recebido com insultos e tentativas de agressão por parte das mulheres reunidas para defender o direito ao aborto, o que obrigou a uma intervenção policial.

Em todas as concentrações organizadas hoje é exigido ao governo polonês que respeite o direito da mulher a decidir sobre seu corpo.

Esta jornada de protestos ocorre depois que em 3 de outubro cerca de 100 mil mulheres vestidas de negro saíram às ruas do país para mostrar oposição a uma iniciativa popular que, respaldada com cerca de meio milhão de assinaturas, pedia a proibição quase total do aborto e penas de prisão para as mulheres que abortaram e para a equipe médica.

A ação, que foi batizada como "segunda-feira negra", conseguiu três dias depois que o parlamento polonês acabasse desprezando a proposta de proibir o aborto, apesar de tê-la admitido a trâmite pouco antes.

O partido Lei e Justiça, que controla a câmera Baixa após sua maioria absoluta nas passadas eleições gerais, disse então que rejeitava a proibição do aborto e as penas de prisão, embora se mostrou partidário de limitar a atual lei para, por exemplo, evitar a interrupção da gravidez nos supostos em que é detectado que o feto sofre síndrome de Down.

O ideário deste partido se identifica com os valores da Igreja Católica, que também aplaude qualquer avanço para endurecer a lei do aborto de 1993, que só permite abortar em caso de má-formação do feto, grave risco para a vida da mãe e gravidez por estupro.

O líder de Lei e Justiça, Jaroslaw Kaczynski, defendeu á dez dias impedir o aborto nos supostos casos de grave má-formação do feto, inclusive quando se sabe que o bebê morrerá ao nascer, "de modo que a criança possa ser batizada, enterrada e ter um nome".

Declarações como esta e o temor de que o partido Lei e Justiça promova uma nova lei mais restritiva justificam os protestos organizados para hoje, segundo explicaram os coletivos organizadores.

No entanto, os atos convocados para hoje estão longe de ter a repercussão que tiveram os de passado 3 de outubro, e a participação é pouca. EFE

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