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Mulheres filipinas grávidas viajam ao exterior para vender seus bebês

Segundo a Unicef, entre 60 mil e 100 mil pessoas são vítimas do tráfico humano nas Filipinas todos os anos

Mais de 20% das mães de crianças com autismo e outros problemas de desenvolvimento eram obesas (©AFP/Arquivo / Loic Venance)

Mais de 20% das mães de crianças com autismo e outros problemas de desenvolvimento eram obesas (©AFP/Arquivo / Loic Venance)

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Da Redação

Publicado em 27 de maio de 2012 às 09h34.

Manila - As redes de tráfico de pessoas nas Filipinas têm um novo alvo, as mulheres grávidas, levadas para o exterior para deixar seus filhos em troca de dinheiro.

No final do ano passado, as autoridades de Malta denunciaram o primeiro caso que se tem notícia dessa modalidade de tráfico humano. Em 2010, uma mulher filipina teria viajado para o país europeu como turista, onde deu a luz e em seguida deixou seu bebê.

'Em Malta, ele teve seu filho e o abandonou, supomos que em troca de dinheiro. Não há dúvida de que é uma forma de tráfico', disse à Agência Efe Bernadette Abejo, diretora do Painel para a Adoção Internacional das Filipinas, órgão do governo local que cuida das adoções internacionais.

Segundo a Unicef, entre 60 mil e 100 mil pessoas são vítimas do tráfico humano nas Filipinas todos os anos. Embora até o momento este seja o único registro de venda de um bebê no exterior, Bernadette acredita que 'sem dúvida ocorreram mais casos'.

'Recebemos relatórios não oficiais das autoridades de Malta e de outros lugares. Nos chegam notícias sobre casos como este, mas não podemos torná-los públicos até obtermos todas as provas. Também não temos relatórios de como operam estes grupos', acrescentou.

Há algumas semanas o congressista Rufus Rodriguez disse no Parlamento que os grupos dedicados ao tráfico de pessoas fixam seu alvo em mulheres pobres, para quem conseguem documentos, passagens e dinheiro para que viagem para o exterior, onde deixam seus bebês.

O caso de Malta só foi descoberto quando os pais adotivos iniciaram os trâmites burocráticos para legalizar a situação da criança.

'Só descobrimos casos assim anos depois. Uma criança foi deixada na Áustria de forma clandestina com um ano e meio. Só conseguimos obter estas informações quando somos informados pelas autoridades do país em questão', lamentou Bernadette.

As autoridades filipinas se comprometeram em redobrar os esforços para combater este tipo de tráfico, mas Bernadette lembra que é praticamente impossível controlar todas as mulheres que deixam o país asiático como turistas.

'Talvez se deva limitar a viagem das mulheres que estejam num avançado estado de gestação. É fácil detectar uma mulher grávida de sete meses', afirmou a diretora do Painel de Adoção Internacional.

Bernadette lembrou que esta nova forma de venda de crianças agravará ainda mais um problema que afeta a Filipinas há décadas.

'Detectamos nos últimos anos casos de crianças que são vendidas em Cingapura. Os traficantes conseguem toda a documentação necessária e desta forma burlam os controles. Com os esforços dos últimos anos, recuperamos muitas crianças que iam ser vendidas, mas a maior parte das vezes não temos informações sobre os casos', admitiu Bernadette.

Os recentes progressos tiraram as Filipinas de uma lista negra de países permissivos com este tipo de crime criada pelos Estados Unidos, mas a venda de crianças para adoção ainda não está tipificada como delito penal na lei de tráfico humano promulgada em 2003.

'Esse aspecto ainda precisa de aprovação, por enquanto só se contempla o tráfico para prostituição e trabalho', explicou Bernadette.

No ano passado, 406 crianças filipinas entre zero e 15 anos foram adotadas de forma legal por famílias da América do Norte, Ásia, Oceania e Europa. EFE

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