Mundo

Mujica defende legalização da maconha contra ao tráfico

O tráfico de drogas "tende a se beneficiar de uma cultura delitiva sem freio, onde a vida humana não conta nada", declarou o presidente uruguaio


	Maconha: o tráfico de drogas, que "gera uma verdadeira sangria no continente, ameaça se multiplicar", afirmou Mujica.
 (Getty Images/AFP / Stephen Brashea)

Maconha: o tráfico de drogas, que "gera uma verdadeira sangria no continente, ameaça se multiplicar", afirmou Mujica. (Getty Images/AFP / Stephen Brashea)

DR

Da Redação

Publicado em 6 de maio de 2014 às 08h50.

Montevidéu - O presidente do Uruguai, José Mujica, voltou a afirmar nesta terça-feira que a legalização do consumo e da venda de maconha no país aparece como uma forma viável de enfrentar o tráfico de drogas e de proteger vidas humanas.

O tráfico de drogas "tende a se beneficiar de uma cultura delitiva sem freio, onde a vida humana não conta nada", declarou o presidente uruguaio em declarações ao site do governo.

Após insistir que o caminho da repressão como resposta à ação do tráfico "está fracassando categoricamente" em nível internacional, Mujica destacou a "multiplicação" dos confrontos entre grupos criminosos e "outras derivações" relacionadas às drogas.

Mujica destacou que, como parte da luta contra o tráfico de drogas, seu governo desenvolve um plano piloto "de atendimento aos dependentes em hospitais", incluindo a provisão "cotada e precisa" de maconha aos que desejam curar essa dependência.

Nas últimas semanas, o presidente do Uruguai fez inúmeras referências ao seu projeto de legalização da maconha como forma de combater o tráfico, que, segundo ele, aparece como o "verdadeiro veneno" das sociedades na atualidade e com efeitos "muito piores" que os causados pelas drogas.

"Os latino-americanos estamos no meio deste baile", e o tráfico de drogas, que "gera uma verdadeira sangria no continente, ameaça se multiplicar", acrescentou Mujica.

Em meados de dezembro, o presidente uruguaio interrompeu a iniciativa de legalizar a compra e venda de maconha no país para pedir aos seus colaboradores "educarem as pessoas". Desta forma, o projeto, mesmo sendo polêmico, poderá alcançar o apoio popular que ainda lhe falta.


A princípio, os deputados governistas tinham intenção de aprovar o projeto antes do final do último ano, para que o Senado pudesse transformá-lo em lei ainda no primeiro semestre de 2013.

A governante coalizão de esquerda Frente Ampla possui maioria tanto na Câmara dos Deputados, onde atualmente o projeto de lei está sendo analisado, como no Senado, onde será enviado posteriormente. No entanto, a legalização da maconha segue gerando muita polêmica e dividindo todos os partidos com representação parlamentar.

Pouco antes de Mujica ter revelado que pediu aos legisladores governistas "frear" o trâmite parlamentar, uma pesquisa da empresa Número revelou que 64% dos uruguaios se posicionavam contra o projeto, incluindo os eleitores da Frente Ampla (53%).

O projeto de lei em questão autoriza o Estado a assumir "o controle e a regulamentação das atividades de importação, exportação, plantação, cultivo, colheita, produção, aquisição, armazenamento, comercialização e distribuição da cannabis e seus derivados".

Segundo números da Junta Nacional de Drogas, 20% dos uruguaios, com idades entre 15 e 65 anos, já consumiram maconha alguma vez em sua vida, sendo que 8,3% a consumiu no último ano.

Por outra parte, em sua análise anual sobre a luta contra o tráfico correspondente a 2012, que foi publicada nesta terça, a Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecente (Jife), órgão do sistema das Nações Unidas, menciona o projeto de lei no Uruguai.

"Em caso de aprovação, a lei estaria infringindo os tratados de fiscalização internacional de drogas nos quais o Uruguai faz parte", especifica o documento da Jife. 

Acompanhe tudo sobre:América LatinaDrogasJosé MujicaMaconhaUruguai

Mais de Mundo

Violência após eleição presidencial deixa mais de 20 mortos em Moçambique

38 pessoas morreram em queda de avião no Azerbaijão, diz autoridade do Cazaquistão

Desi Bouterse, ex-ditador do Suriname e foragido da justiça, morre aos 79 anos

Petro anuncia aumento de 9,54% no salário mínimo na Colômbia