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Morre sacerdote Reid, figura-chave na Irlanda do Norte

O sacerdote católico padre Alec Reid, figura-chave no processo de paz da Irlanda do Norte, morreu nesta sexta ao 82 anos

O sacerdote católico padre Alec Reid, figura-chave no processo de paz da Irlanda do Norte: Reid viveu de perto o conflito armado entre católicos e protestantes (Getty Images)
DR

Da Redação

Publicado em 22 de novembro de 2013 às 12h47.

Dublin - O sacerdote católico padre Alec Reid, figura-chave no processo de paz da Irlanda do Norte, morreu nesta sexta-feira, aos 82 anos, em um hospital de Dublin.

Reid, que passou 40 anos na Ordem Redentorista no Mosteiro Clonard do norte de Belfast, viveu de perto o conflito armado entre católicos e protestantes, o qual causou mais de 3,5 mil mortes em três décadas.

Nascido no condado de Tipperary, na Irlanda , o sacerdote foi fundamental para que, em plena escalada da violência no final dos anos 80, o partido Sinn Féin, braço político do Exército Republicano Irlandês (IRA), começasse a traçar uma estratégia de paz.

O religioso atuou como intermediário entre o presidente do Sinn Féin, Gerry Adams, e o líder do Partido Social-Democrata e Trabalhista, John Hume, que em negociações secretas aspiravam a conseguir uma trégua do IRA e estabelecer conversas de paz com o governo britânico. Com seu papel como mediador ganhou a confiança dos dirigentes do IRA, atualmente inativo, e chegou a se reunir com vários primeiros-ministros irlandeses.

Com a assinatura em 10 de abril de 1998 do Acordo de Belfast (também conhecido como Acordo da Sexta-feira Santa) e o começo do processo de paz na região, Reid seguiu muito vinculado aos esforços dos republicanos para abandonar definitivamente a violência e optar pela via democrática.

Quando finalmente o IRA anunciou, em 2005, a destruição de todos os seus arsenais, o religioso, junto ao reverendo protestante Harold Good, se tornou uma das testemunhas deste processo supervisado pela Comissão Internacional Independente de Desarmamento.


Com o processo de paz encaminhado, Reid ofereceu seus conhecimentos na resolução de conflitos em outras partes do mundo, como no País Basco, onde morou e manteve reuniões com todos os partidos.

Reid será recordado como uma das imagens mais icônicas do conflito norte-irlandês, na qual deu a extrema-unção a dois soldados britânicos assassinados durante um funeral de combatentes do IRA em Belfast em 1988.

O vice-primeiro-ministro da Irlanda do Norte e "número dois" do Sinn Féin, o ex-comandante do IRA Martin McGuinness, destacou hoje a personalidade "extraordinária e humilde" do sacerdote, assim como sua "enorme contribuição no processo de paz".

O presidente do Sinn Féin, Gerry Adams, declarou que o Mosteiro Clonard, representa o "berço do processo de paz" e revelou: "Me sinto profundamente triste, não digeri isso ainda"

"Alec Reid viveu de acordo com a mensagem do Evangelho. Adotou uma visão que era contrária à oficial, que negava o diálogo", acrescentou.

John Hume, que em 1998 ganhou o prêmio Nobel da Paz, assegurou que o religioso é um dos "pilares do processo de paz" e destacou sua "coragem, determinação e falta de egoísmo", qualidades sem as quais o "caminho da paz em nossa região teria sido muito mais longo e difícil".

"O padre Alec não foi simplesmente um intermediário para o começo das negociações de paz. Foi uma figura ativa na luta por conseguir o fim da violência", assinalou.

O governo britânico também expressou hoje sua "tristeza" pela morte do sacerdote.

"Todos temos uma dívida de gratidão com ele por seu papel no processo de paz e reconciliação", declarou a ministra britânica para a Irlanda do Norte, Theresa Villiers.

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Dublin - O sacerdote católico padre Alec Reid, figura-chave no processo de paz da Irlanda do Norte, morreu nesta sexta-feira, aos 82 anos, em um hospital de Dublin.

Reid, que passou 40 anos na Ordem Redentorista no Mosteiro Clonard do norte de Belfast, viveu de perto o conflito armado entre católicos e protestantes, o qual causou mais de 3,5 mil mortes em três décadas.

Nascido no condado de Tipperary, na Irlanda , o sacerdote foi fundamental para que, em plena escalada da violência no final dos anos 80, o partido Sinn Féin, braço político do Exército Republicano Irlandês (IRA), começasse a traçar uma estratégia de paz.

O religioso atuou como intermediário entre o presidente do Sinn Féin, Gerry Adams, e o líder do Partido Social-Democrata e Trabalhista, John Hume, que em negociações secretas aspiravam a conseguir uma trégua do IRA e estabelecer conversas de paz com o governo britânico. Com seu papel como mediador ganhou a confiança dos dirigentes do IRA, atualmente inativo, e chegou a se reunir com vários primeiros-ministros irlandeses.

Com a assinatura em 10 de abril de 1998 do Acordo de Belfast (também conhecido como Acordo da Sexta-feira Santa) e o começo do processo de paz na região, Reid seguiu muito vinculado aos esforços dos republicanos para abandonar definitivamente a violência e optar pela via democrática.

Quando finalmente o IRA anunciou, em 2005, a destruição de todos os seus arsenais, o religioso, junto ao reverendo protestante Harold Good, se tornou uma das testemunhas deste processo supervisado pela Comissão Internacional Independente de Desarmamento.


Com o processo de paz encaminhado, Reid ofereceu seus conhecimentos na resolução de conflitos em outras partes do mundo, como no País Basco, onde morou e manteve reuniões com todos os partidos.

Reid será recordado como uma das imagens mais icônicas do conflito norte-irlandês, na qual deu a extrema-unção a dois soldados britânicos assassinados durante um funeral de combatentes do IRA em Belfast em 1988.

O vice-primeiro-ministro da Irlanda do Norte e "número dois" do Sinn Féin, o ex-comandante do IRA Martin McGuinness, destacou hoje a personalidade "extraordinária e humilde" do sacerdote, assim como sua "enorme contribuição no processo de paz".

O presidente do Sinn Féin, Gerry Adams, declarou que o Mosteiro Clonard, representa o "berço do processo de paz" e revelou: "Me sinto profundamente triste, não digeri isso ainda"

"Alec Reid viveu de acordo com a mensagem do Evangelho. Adotou uma visão que era contrária à oficial, que negava o diálogo", acrescentou.

John Hume, que em 1998 ganhou o prêmio Nobel da Paz, assegurou que o religioso é um dos "pilares do processo de paz" e destacou sua "coragem, determinação e falta de egoísmo", qualidades sem as quais o "caminho da paz em nossa região teria sido muito mais longo e difícil".

"O padre Alec não foi simplesmente um intermediário para o começo das negociações de paz. Foi uma figura ativa na luta por conseguir o fim da violência", assinalou.

O governo britânico também expressou hoje sua "tristeza" pela morte do sacerdote.

"Todos temos uma dívida de gratidão com ele por seu papel no processo de paz e reconciliação", declarou a ministra britânica para a Irlanda do Norte, Theresa Villiers.

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