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Morales confirma que não será candidato e nega ter medo de ser preso

"Mas tenho o direito de fazer política como político", afirmou ele; Morales disse que não sabe quanto tempo ficará na Argentina

Evo Morales: "Não sou e não serei candidato" (Ueslei Marcelino/Reuters)

Evo Morales: "Não sou e não serei candidato" (Ueslei Marcelino/Reuters)

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EFE

Publicado em 17 de dezembro de 2019 às 16h15.

Buenos Aires — O ex-presidente da BolíviaEvo Morales, que chegou à Argentina na quinta-feira passada e pediu asilo como refugiado, afirmou nesta terça-feira (17), que não tem medo de uma possível "detenção" e ressaltou que não será candidato nas próximas eleições presidenciais bolivianas.

"Não sou e não serei candidato, mas tenho o direito de fazer política como político", comentou o ex-governante em entrevista coletiva para jornalistas, a primeira desde que chegou à capital argentina procedente do México, onde estava asilado desde de 11 de novembro, quando deixou a Bolívia após renunciar ao cargo por pressão das Forças Armadas.

Em entrevista à Agência Efe na segunda-feira em Washington, o ministro do Interior do governo interino, Arturo Murillo, afirmou que nas horas seguintes seria emitida uma ordem de detenção contra Morales e o secretário da presidência, Juan Ramón Quintana.

Murillo afirmou que "há uma denúncia de terrorismo" e que ambos "terão que responder à justiça nos próximos dias".

"É assim que as ditaduras são tratadas. Ela é presidente, não é promotora, não é juíza", criticou Morales em referência a Jeanine Áñez (a presidente interina), e destacando que nenhum processo judicial pode ser realizado neste momento e que as autoridades "não vão encontrar nada sobre corrupção".

"Que me mostrem uma prova de que sou dono ou sócio de alguma empresa", exclamou o ex-presidente durante a entrevista, concedida ao lado do ex-chanceler Diego Pary e da ex-ministra da Saúde Gabriela Montaño.

Golpe de estado

Seguindo o tom das declarações dadas desde que viajou ao México, Morales denunciou novamente que sofreu um "golpe de Estado" que atribuiu à oposição, à polícia e às Forças Armadas com a colaboração da Organização dos Estados Americanos (OEA), que tachou de "golpista".

"Infelizmente, nem a inteligência da polícia nem a das Forças Armadas nos avisaram que o golpe estava chegando", lamentou, reconhecendo que às vezes se arrependeu de ter "capacitado" as Forças Armadas.

Em longo discurso, Morales destacou feitos dos "13 anos, nove meses e 18 dias como presidente", nos quais fez "três coisas importantes".

"Na refundação política da Bolívia, saímos do Estado colonial para um Estado plurinacional; na economia, as nacionalizações; e, mais importante, no social, a redistribuição social da riqueza", enalteceu.

"Até quando eles nos governarão de cima (em referência aos Estados Unidos) e de fora? Quando é que nós nos governaremos? Duas coisas me machucaram neste golpe: assassinaram companheiros e também estão matando a economia", lamentou.

Estadia na Argentina

Sobre a estadia na Argentina, onde os dois filhos já moravam desde novembro, Morales não deu muitos detalhes, mas disse que não sabe quanto tempo ficará no país.

"Estou mais perto da Bolívia, muito feliz. Sinto-me bem. No domingo à tarde nos encontramos com o presidente argentino Alberto, Fernández, e a 'irmã' Cristina Kirchner (ex-presidente e atual vice). Nós nos lembramos de como costumávamos trabalhar", disse Morales, agradecendo a ajuda de ambos.

O novo governo argentino, que tomou posse há uma semana, acolheu Morales como perseguido político e vítima de um golpe de Estado, mas pediu para que o boliviano não faça declarações políticas, pedido que não está cumprindo.

Segundo o ministro das Relações Exteriores argentino, Felipe Solá, a Comissão Nacional para os Refugiados, ligada ao Ministério do Interior, determinará se aceita conceder o status de refugiado a Morales. No entanto, Solá já antecipou que a solicitação será aceita e descartou "qualquer possibilidade de extradição".

"Meu grande desejo é contribuir daqui para o nosso processo de mudança na Bolívia. Que acabe a perseguição política", argumentou Morales.

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