Mogherini e Tillerson: "Não interferimos na política dos Estados Unidos (...). E os europeus esperam que os Estados Unidos não interfiram na política europeia" (Joshua Roberts/Reuters)
AFP
Publicado em 10 de fevereiro de 2017 às 15h52.
A chefe da diplomacia da União Europeia, Federica Mogherini, alertou nesta sexta-feira ao governo de Donald Trump contra qualquer tipo de interferência na política do bloco europeu, depois dos comentários do novo presidente americano sobre o Brexit.
"Não interferimos na política dos Estados Unidos (...). E os europeus esperam que os Estados Unidos não interfiram na política europeia", expressou Mogherini ao encerrar sua primeira visita a Washington desde a chegada de Trump à Casa Branca.
Diante de alguns jornalistas, a diplomata europeia questionou a disposição do site de informações americano Breitbart, próximo da extrema-direita e anteriormente dirigido pelo assessor presidencial de Trump, Steve Bannon, para influenciar as eleições na França e Alemanha este ano.
"Acredito que a unidade da União Europeia é mais evidente hoje do que era há alguns meses e isso deve ser claramente entendido aqui", advertiu depois de se reunir, nesta quinta-feira, com o secretário de Estado Rex Tillerson e os assessores do novo presidente, Michael Flynn e Jared Kushner.
Mogherini voltou a exortar a nova administração a "respeitar a União Europeia, que não é apenas uma instituição, mas uma União de 28 Estados-membros, ainda 28 e 28 por vários meses", referindo-se à saída programada do Reino Unido.
No final de janeiro, o presidente Trump havia considerado, ao lado da primeira-ministra britânica Theresa May, que o Brexit era "uma coisa maravilhosa" e elogiou a "relação especial" entre Washington e Londres.
"Oito meses após o referendo no Reino Unido, ainda não fomos notificados do início das negociações. Assim, o Reino Unido continuará a ser membro da União Europeia durante pelo menos dois anos (...) e não será capaz de negociar um acordo de comércio com um país terceiro", ressaltou Mogherini.
"Da Polônia a Portugal, da Finlândia a Malta, os europeus acreditam que seus interesses são melhor protegidos e defendidos por nossa União", exaltou.