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Missão dupla para May: salvar o Brexit e seu emprego

Após a renúncia de quatro ministros, grupo de parlamentares tenta assinaturas para pedir a cabeça da primeira-ministra

BREXIT: primeira-ministra Theresa May apresentou um plano considerado brando demais pela oposição e por um grupo de aliados  / Parbul TV/Handout via Reuters TV

BREXIT: primeira-ministra Theresa May apresentou um plano considerado brando demais pela oposição e por um grupo de aliados / Parbul TV/Handout via Reuters TV

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Da Redação

Publicado em 16 de novembro de 2018 às 06h39.

Última atualização em 16 de novembro de 2018 às 07h58.

“Teremos dias difíceis pela frente”. Foi a definição da primeira-ministra britânica, Theresa May, sobre a situação política de seu país após quatro ministros pedirem demissão ontem, em consequência de um plano de desembarque da União Europeia, o Brexit, considerado brando demais. Agora, May se vê na incômoda situação de não só defender o plano apresentado, como de tentar salvar seu próprio emprego. O problema: as duas negociações parecem caminhar em direções opostas.

Após reunião do conselho de ministros, May havia anunciado nesta quarta à noite “a decisão coletiva” de seu gabinete de apoiar os termos do acordo alcançado com Bruxelas. A acordo ainda precisaria ser referendado pelos parlamentos britânico e europeu. A data prevista de saída é 29 de março. Isso, claro, se o acordo for adiante. Ontem, a baixa mais relevante foi a do ministro do Brexit, Dominic Raab, que pediu demissão afirmando que May “precisa de um ministro do Brexit que possa defender o acordo com convicção”.

Segundo a revista Economist, parlamentares críticos a May estão circulando cartas de não confiança na premiê e, se chegarem a conseguir 48 assinaturas nos próximos dias, a votação de uma espécie de impeachment irá a plenário. Se a maioria dos 316 membros do Parlamento votar contra por sua saída, May está fora. Se conseguir maioria, a primeira-ministra se garante no cargo por pelo menos mais um ano. O processo para por fim a seu mandato já está sendo chamado de “Trerexit”.

Para o britânico comum, o acordo negociado com a União Europeia é decepcionante. Mas não por inépcia diplomática de May e de sua equipe, e sim pela imposição de uma dura realidade que vai de encontro às promessas feitas quando a saída foi aprovada pela população, em 2016. Uma das promessas era de que a saída do bloco europeu traria 350 milhões de libras adicionais para investimento no sistema de saúde nacional. Essa pauta, assim como tantas outras, ficaram em segundo plano num debate que se concentra nas obrigações burocráticas e monetárias do país para com o bloco europeu.

A ministra do Trabalho e de Pensões, Esther McVey, afirmou que o acordo apresentado por May “não honra o resultado do referendo”, de 2016. Ela também pediu demissão. O que ninguém sabe responder no Reino Unido é se algum político no país teria condições de honrar as promessas feitas no referendo em que 52% da população votou por pular fora da União Europeia.

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