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Ministro sírio chama oposição de 'terrorista'

Walid Mualem, chegou à ONU e, antes de explicar ao mundo sua visão da situação, teve que enfrentar as queixas de Ban


	Ban falou de maneira firme ''sobre as mortes, a destruição em massa, os abusos dos direitos humanos e os ataques aéreos
 (Karen Bleier/AFP)

Ban falou de maneira firme ''sobre as mortes, a destruição em massa, os abusos dos direitos humanos e os ataques aéreos (Karen Bleier/AFP)

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Da Redação

Publicado em 1 de outubro de 2012 às 21h00.

Nações Unidas - O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, lançou outro toque de atenção ao regime sírio nesta segunda-feira, ao se mostrar frustrado por conta dos crimes de um governo que chamou a oposição de terrorista e denunciou um complô internacional.

Depois que o conflito sírio virou um dos temas principais nos debates do plenário das Nações Unidas na última semana, o ministro de Relações Exteriores do país árabe, Walid Mualem, chegou à ONU e, antes de explicar ao mundo sua visão da situação, teve que enfrentar as queixas de Ban.

O principal responsável do órgão internacional utilizou a conversa com o ministro para reiterar sua ''profunda frustração'' com uma situação ''segue piorando'' na Síria, 19 meses depois do início das revoltas, e disse que o governo é o principal responsável pela crise.

Ban falou de maneira firme ''sobre as mortes, a destruição em massa, os abusos dos direitos humanos e os ataques aéreos e de artilharia cometidos pelo governo, e pediu à Síria que mostre compaixão por seu povo'', segundo detalhou em comunicado seu porta-voz, Martin Nesirky.

Após ouvir as palavras do secretário-geral, Mualem disse, durante seu discurso, que a crise na Síria é perpetrada por grupos terroristas que contam com apoio do exterior, chegando a responsabilizar alguns membros do Conselho de Segurança.

''A Síria perdeu milhares de mártires entre militares e civis como preço por uma luta para defender a integridade do Estado sírio e seus cidadãos perante esta campanha terrorista global'', disse o ministro.

Mualem disse que há mais de um ano seu país enfrenta ''um terrorismo organizado'' que atua mediante ''bombas, assassinatos, saques, massacres e sabotagens'', e afirmou que parte dos terroristas contam com um braço da Al Qaeda, chamado Jabhat Al-Nosrah.

Esse terrorismo, segundo o ministro, ''conta com apoio exterior e está acompanhado por provocações midiáticas baseadas no extremismo religioso patrocinado por Estados conhecidos na região por facilitarem o fluxo de armas, dinheiro e combatentes desde as fronteiras com países vizinhos'', defendeu Mualem.


O ministro acusou diretamente o Catar, a Arábia Saudita e a Turquia - seus principais críticos muçulmanos -, e os Estados Unidos e França, que ''induzem e apoiam claramente'' o terrorismo na Síria ''com dinheiro, armas e combatentes'', segundo disse.

Em seu discurso contra os países do Conselho de Segurança, que já apresentaram três resoluções para aumentar a pressão sobre Bashar Al-Assad, afirmou que ''esses países tocam os tambores da guerra sob o pretexto da responsabilidade de proteger''.

''Ao invés de contribuir à resolução de disputas regionais e internacionais por meios de imprensa pacíficos, alguns países muito conhecidos querem criar novas políticas coloniais baseadas na hipocrisia política'', disse o ministro, que afirmou que a solução para crise deve ser política.

Neste sentido, pediu ''a todas as partes e grupos políticos, dentro e fora da Síria, a iniciar um diálogo construtivo respaldado pela Assembleia Geral, para que mostrem o caminho do futuro que o país deve seguir para estabelecer uma Síria mais plural e democrática''.

Mualem, que criticou duramente as sanções impostas pelos Estados Unidos e União Europeia contra o regime sírio, lembrou que o povo sírio tem o direito de escolher um novo líder através das urnas.

A Síria foi, junto ao programa nuclear iraniano, um dos principais temas da Assembleia Geral.

O conflito assola o país desde março de 2011 e já causou a morte de cerca de 25 mil pessoas, enquanto 2,5 milhões de pessoas precisam de ajuda humanitária e outras 250 mil se refugiaram em países vizinhos, segundo dados das Nações Unidas.

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