O Ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, participa da Reunião Ministerial Conjunta GCC-Rússia para o Diálogo Estratégico, no Secretariado do Conselho de Cooperação do Golfo (GCC) em Riad, em 9 de setembro de 2024 (FAYEZ NURELDINE/AFP/Getty Images)
Agência de Notícias
Publicado em 13 de novembro de 2024 às 10h27.
Última atualização em 13 de novembro de 2024 às 10h39.
O ministro das Relações Exteriores russo, Sergey Lavrov, representará a Rússia na cúpula do G20 que será realizada de 18 a 19 de novembro no Rio de Janeiro, para onde o chefe do Kremlin, Vladimir Putin, não viajou.
Lavrov, que nos últimos anos substituiu Putin em vários eventos internacionais, aproveitará a ocasião para realizar reuniões bilaterais à margem da cúpula no Brasil. A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Maria Zakharova, disse em entrevista coletiva que o chanceler viajará ao Brasil por ordem direta do presidente russo. Zakharova acrescentou que o chefe da diplomacia russa discursará no plenário e anunciará que o país está se unindo à Aliança Global contra a Fome e a Pobreza.
Em meados de outubro, Putin anunciou que não participaria da próxima cúpula do G20 no Brasil devido ao mandado de prisão emitido pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) por supostos crimes de guerra na Ucrânia.
“Entendemos perfeitamente que, mesmo que deixássemos de lado o TPI, todos falariam apenas sobre isso. Na verdade, estaríamos impedindo o trabalho do G20. Para quê?”, argumentou.
Putin acrescentou que tem “relações magníficas e amistosas” com o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, portanto não faria sentido viajar “para afetar o trabalho normal de todo esse fórum”.
Em dezembro de 2023, Lula convidou Putin para a cúpula, mas teria que enfrentar as consequências do mandado de prisão emitido contra ele.
“Se Putin vai viajar para o Rio de Janeiro? Bem, ele será convidado. Ele vai ter que enfrentar as consequências” do mandado de prisão internacional, disse o presidente em Berlim durante uma entrevista coletiva com o chanceler alemão Olaf Scholz.
Lula, que lembrou que seu país é um membro fundador do TPI, acrescentou que cabe à justiça brasileira decidir se o chefe do Kremlin será preso ou não.
Ao mesmo tempo, Putin garantiu que o TPI “é uma daquelas organizações internacionais cuja jurisdição a Rússia não reconhece".
"O mesmo acontece com muitos outros países do mundo. Acho que os Estados Unidos também não a reconhecem, a China não a reconhece, a Turquia não a reconhece.... Portanto, não acho que seja ruim haver uma organização internacional como essa, mas ela precisa ser universal”, analisou.
O TPI emitiu um mandado de prisão para Putin em março de 2023 por seu papel na deportação sistemática de crianças ucranianas para a Rússia, o que impôs restrições consideráveis à capacidade do presidente russo de viajar.
A Mongólia é signatária do Estatuto de Roma, o tratado de fundação do TPI, mas Putin não foi preso quando viajou para lá em setembro.