Paris: incêndio atingiu a Catedral de Notre-Dame nesta segunda-feira (Ludovic Marin/Reuters)
AFP
Publicado em 16 de abril de 2019 às 09h12.
Última atualização em 17 de abril de 2019 às 11h19.
As doações de companhias francesas e milionárias para financiar a reconstrução da catedral de Notre-Dame em Paris, parcialmente destruída por um incêndio na noite de segunda-feira, ultrapassaram os 600 milhões de euros (680 milhões de dólares) nesta terça-feira.
A empresa francesa de cosméticos, L'Oréal, dará 200 milhões de euros, um valor agregado aos 200 milhões doados pelo grupo LVMH e aos 100 milhões prometidos respectivamente pela família Pinault e pela petrolífera Total.
A família Bernard Arnault, propietária do grupo LVMH, propôs, além da ajuda financeira, colocar a disposição "suas equipes criativas, arquitetônicas e financeiras".
Martin Bouygues, proprietário do grupo Bouygues, e seu irmão Olivier disseram estar "muito afetados" e farão uma doação"a título pessoal" de dez milhões de euros através de sua holding familiar, SCDM.
O empresário Marc Ladreit de Lacharrière (Fimalac) afirmou que deseja participar com 10 milhões de euros "para a reconstrução da flecha", enquanto a família Bouygues prometeu o mesmo montante.
Um impulso de solidariedade sem precedentes "que se deve à posição completamente excepcional de Notre-Dame", para François Debiesse, chefe da associação Admical que promove o mecenato corporativo, comparando este movimento de solidariedade com o observado durante grandes desastres humanitários.
A Total, por sua vez, doará 100 milhões de euros para reconstruir a catedral de Notre-Dame de Paris, conforme anunciou o presidente executivo do petroleiro francês, Patrick Pouyanné, no Twitter.
Através de sua fundação, o banco Crédit Agricole anunciou uma doação de cinco milhões de euros.
Outros bancos, como Société Générale, BNP Paribas, Crédit Mutuel e CIC também prometeram doações.
A prefeita de Paris, Anne Hidalgo, disse nesta terça que a cidade financiaria a reconstrução com 50 milhões de euros e propôs uma conferência internacional para coordenar as doações e restaurar o edifício.
Enquanto os bombeiros ainda trabalhavam, empresas e anônimos começaram a fazer doações pelo site da Fondation du patrimoine. Através des organismo privado (e os sites don.fondation-patrimoine.org e fondation-patrimoine.org) que se organiza o financiamento nacional.
A Heritage Foundation, uma organização francesa financiada por fundos privados, também pede doações em seu site, bem como iniciativas no site de crowdfunding Leetchi.
A região de Ile-de-France, que inclui Paris e seus arredores, prometeu dez milhões de euros.
Para reconstruir o templo, que anualmente recebe 13 milhões de visitantes - uma média de 35.000 pessoas por dia - serão necessários artesãos especializados e madeiras raras.
O diretor do grupo Charlois, o maior fornecedor de carvalho na França, prometeu oferecer os melhores materiais para reconstruir a complexa armação de madeira, conhecida como "a floresta", devido ao número de vigas usadas para construí-la.
A UNESCO, com sede em Paris, prometeu trabalhar com a França para restaurar a catedral, inscrita desde 1991 em sua lista de patrimônios da humanidade.
E a solidariedade ultrapassa as fronteiras francesas. Em Nova York, a associação French Heritage Society pediu doações de seus 450 membros.
Henry Kravis, cofundador do fundo de investimento americano KKR, e sua esposa Marie-Josée Kravis prometeram dez milhões de dólares.
No Twitter, o CEO da Apple, Tim Cook, anunciou uma doação, sem informar o montante.
Por sua vez, a bilionária brasileira Lily Safra fez uma "doação importante", segundo afirmou à AFP Stéphane Bern, encarregado da missão do patrimônio, sem revelar o montante.
A restauração poderá custar centenas de milhões de euros por vários anos, até mesmo décadas, embora especialistas afirmem que as consequências poderiam ter sido piores.
É por isso que muitas pessoas pediram uma mobilização de recursos para uma rápida reconstrução.
A cidade húngara de Szeged também doará 10.000 euros porque em 1879 Paris ajudou a reconstruir esta cidade do sul do país, devastada por uma inundação.
Na Costa do Marfim, o rei de Krindjabo, a capital do reino de Sanwi, no sudeste do país, prometeu uma doação. Um príncipe de seu reino foi butizado na catedral no século XVIII.
Por sua vez, o ministro da Cultura Franck Riester disse que dois terços do telhado se perderam. "A princípio, o incêndio não é criminal. O fogo parece ter começado onde estavam os andaimes erguidos para restaurar a flecha que, acabou totalmente destruída".
Riester ainda confirmou que os vitrais da catedral sofreram danos. No entanto, não deu informações sobre o estado dos grandes quadros que enfeitavam o interior da igreja. Devido a seu tamanho, eles não puderam ser retirados.