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Milhares de pessoas protestam contra a extrema direita na França

Manifestações ocorrem em plena crise política devido à inesperada antecipação das eleições legislativas; presidente francês chocou o país ao dissolver o Parlamento no domingo

Manifestantes se reúnem durante um comício após ganhos significativos dos partidos de extrema direita nas eleições para o Parlamento Europeu (Sameer Al-Doumy/AFP)
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 15 de junho de 2024 às 14h34.

Última atualização em 15 de junho de 2024 às 14h41.

Dezenas de milhares de pessoas protestaram neste sábado contra a perspectiva da chegada da extrema direita ao poder na França . As manifestações ocorrem em plena crise política devido à inesperada antecipação das eleições legislativas, previstas inicialmente para 2027 e que agora ocorrerão em 30 de junho e 7 de julho deste ano.

O presidente francês, Emmanuel Macron, chocou o país ao dissolver o Parlamento no último domingo uma hora depois da vitória da extrema direita nas eleições europeias.

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"Pensei que nunca veria a extrema direita chegar ao poder, mas agora isso pode acontecer", disse Florence David, de 60 anos, no início da manifestação em Paris.

Analistas políticos consideraram a decisão de Macron uma “aposta arriscada” num momento de ascensão da extrema direita na Europa – e onde a França é um dos principais apoiadores da Ucrânia na ofensiva contra a Rússia. Diante de uma nova possível vitória do partido de extrema direita Reagrupamento Nacional (RN), que conquistou 93% dos municípios franceses nas eleições europeias, cinco sindicatos convocaram uma manifestação neste fim de semana.

"É um momento histórico. A nossa democracia se aproxima de um ponto de virada", alertou a líder do sindicato moderado CFDT, Marylise Léon.

O “temor” ao RN assumiu diferentes formas na marcha em Paris: defesa da democracia, dos direitos dos estrangeiros e do coletivo LGBTQIAP+. As manifestações lembram as de 1º de maio de 2022, quando quase um milhão de pessoas saíram às ruas contra o candidato de extrema direita Jean-Marie Le Pen, após ele ter avançado para o segundo turno presidencial.

Desde então, a filha dele, Marine Le Pen, conseguiu moderar a imagem do Frente Nacional – rebatizado de RN – e as autoridades esperam até 350 mil pessoas nas ruas neste fim de semana, das quais 100 mil em Paris neste sábado.

"Em 2002 foi um movimento saudável de raiva e medo. Agora nos acostumamos [à extrema direita]. Não é bom", alertou Alice Ribière, uma professora de 39 anos que se manifestou em Nice, no sudeste da França.

Expulsões na esquerda

O RN obteria 29,5% das intenções de voto, segundo uma pesquisa da Cluster17 publicada na sexta-feira, que coloca a coalizão de esquerda Nova Frente Popular como sua principal rival (28,5%). A aliança centrista do presidente Macron surge na terceira posição (18%), em um contexto de enfraquecimento da imagem do presidente e do seu primeiro-ministro, Gabriel Attal, segundo outra pesquisa da Elabe.

O terremoto político gerado pelas eleições antecipadas, que já dividiu o partido conservador Os Republicanos (LR) devido à proposta do seu líder de fazer um acordo com a extrema direita, atingiu também a esquerda. O França Insubmissa (LFI, esquerda radical) indignou seus aliados socialistas, ambientalistas e comunistas do Nova Frente Popular, ao retirar das eleições cinco deputados em fim de mandato que criticavam seu líder Jean-Luc Mélenchon.

Outro aspecto que incendiou a nova coligação foi o fato de o LFI ter investido em Adrien Quatennens, um deputado próximo de Mélenchon, como candidato, apesar da sua condenação em 2022 por violência doméstica. E a candidatura do ex-presidente socialista François Hollande nas eleições legislativas poderá pressionar ainda mais a coligação.

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