Milhares de imigrantes doentes são postos em quarentena nos EUA
Defensores dos imigrantes temem quarentenas que limitam o acesso a serviços legais
Reuters
Publicado em 11 de março de 2019 às 14h44.
Christian Mejia achou que tinha chance de sair de um centro de detenção de imigrantes no interior do Estado norte-americano da Louisiana depois de encontrar um advogado para o ajudar a pedir asilo, até ser posto em quarentena.
No início de janeiro, um surto de caxumba no Centro de Processamento da Agência de Imigração e Aduana dos EUA (ICE) de Pine Prairie, uma entidade privada, isolou Mejia e centenas de outros detidos. "Quando há uma só pessoa doente, todos pagam", disse Mejia, de 19 anos, em uma entrevista por telefone de Pine Prairie, descrevendo semanas sem visitas e acesso à biblioteca e ao salão de refeições.
Seu advogado não pôde entrar, mas seu caso continuou a correr em um tribunal de imigração, por videoconferência. No dia 12 de fevereiro o juiz ordenou que ele fosse deportado de volta a Honduras.
O número de pessoas reunidas em centros de detenção de imigrantes no governo Trump alcançou cifras recordes, levando defensores dos imigrantes a temerem surtos de doenças e quarentenas que limitam o acesso a serviços legais.
Até 6 de março, mais de 50 mil imigrantes estavam detidos, segundo dados da ICE.
Emails internos vistos pela Reuters revelam as complicações de se lidar com surtos como o de Pine Prairie, já que imigrantes detidos muitas vezes são transferidos ao redor do país e as pessoas infectadas não necessariamente exibem sintomas de doenças virais quando já estão contagiosas.