Javier Milei, presidente da Argentina: “A Argentina cumprimenta a pressão dos EUA e Donald Trump para libertar o povo venezuelano” (EVARISTO SA / Colaborador/Getty Images)
Publicado em 20 de dezembro de 2025 às 15h14.
O presidente da Argentina, Javier Milei, marcou posição contrária à do Brasil ao elogiar a pressão dos Estados Unidos sobre a Venezuela durante a Cúpula do Mercosul, realizada neste sábado, 20, em Foz do Iguaçu. A declaração expôs o racha político no bloco em meio à escalada de tensões entre Washington e Caracas.
“A Argentina cumprimenta a pressão dos EUA e Donald Trump para libertar o povo venezuelano. O tempo de ter uma abordagem tímida nessa matéria se esgotou”, afirmou Milei, ao defender uma postura mais dura da comunidade internacional contra o regime de Nicolás Maduro.
A fala ocorreu pouco depois de o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva ter feito um alerta público contra qualquer ação militar no país vizinho. Em discurso aos chefes de Estado, Lula classificou uma eventual intervenção armada como uma “catástrofe humanitária” e um precedente perigoso para o direito internacional.
“Passadas mais de quatro décadas desde a Guerra das Malvinas, o continente sul-americano volta a ser assombrado pela presença militar de uma potência extrarregional. Os limites do direito internacional estão sendo testados”, disse Lula. “Uma intervenção armada na Venezuela seria uma catástrofe humanitária para o hemisfério e um precedente perigoso para o mundo.”
A divergência ocorre em um momento de endurecimento do discurso de Washington. Na sexta-feira, 19, Trump declarou à emissora NBC News que mantém “sobre a mesa” a possibilidade de guerra com a Venezuela. No sábado, a agência Reuters informou que os Estados Unidos apreenderam um petroleiro próximo à costa venezuelana.
“Se eles forem tolos o suficiente para continuar navegando, vão acabar voltando para um dos nossos portos”, disse Trump na entrevista, ao comentar as ações contra embarcações ligadas ao país caribenho.