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Metodologia diferente esquenta polêmica em pesquisas

Brasília - Com capacidade para influenciar alianças partidárias e financiadores, as sondagens eleitorais de dois grandes institutos de pesquisa apareceram nos últimos dias com resultados divergentes e geraram dúvidas sobre a precisão dos levantamentos. Para os institutos, a diferença deve-se ao uso de metodologias distintas. "Se a gente não quiser levantar a hipótese da má […]

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h10.

Brasília - Com capacidade para influenciar alianças partidárias e financiadores, as sondagens eleitorais de dois grandes institutos de pesquisa apareceram nos últimos dias com resultados divergentes e geraram dúvidas sobre a precisão dos levantamentos.

Para os institutos, a diferença deve-se ao uso de metodologias distintas.

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"Se a gente não quiser levantar a hipótese da má fé, alguns institutos podem estar errados", disse à Reuters Leonardo Barreto, cientista político da Universidade de Brasília (UnB).

"No início da campanha, muita gente está usando as pesquisas para cooptar aliados ou dinheiro para as suas campanhas. Ou elas (pesquisas) estão sendo mal utilizadas ou mal planejadas."

Na sexta-feira, pesquisa do instituto Vox Populi divulgada pela TV Bandeirantes mostrou Dilma Rousseff (PT) 8 pontos à frente de José Serra (PSDB) na disputa pelo Palácio do Planalto, com 41 por cento das intenções de voto.

No dia seguinte, no entanto, pesquisa Datafolha publicada pelo jornal Folha de S.Paulo apontou empate técnico entre os dois candidatos, com um resultado de 37 por cento a 36 por cento a favor de Serra. O Ibope divulgará nova pesquisa na sexta-feira, o que pode reacender a discussão.

O diretor-executivo do Vox Populi, João Francisco Meira, lembrou que, se comparadas com suas edições anteriores, ambas as pesquisas captaram o mesmo fenômeno: não houve alteração no cenário em julho.

Em junho, o Vox apontou 40 por cento para Dilma e 35 por cento para Serra, enquanto o Datafolha trouxe empate técnico, com 39 por cento para o tucano e 37 por cento para a petista.

"Os dois institutos mediram o mesmo fenômeno, mas é como usar uma escala Fahrenheit ou centígrados. Cada um de nós tem um corte do eleitorado", argumentou Meira.

O diretor-geral do Datafolha, Mauro Paulino, no entanto, afirma que isso não deveria ocorrer. "Pesquisas com datas próximas teriam que captar resultados próximos, independentemente dos instrumentos utilizados."


Metodologias

Segundo o executivo do Vox Populi, enquanto o Datafolha faz abordagens em locais movimentados (estações de metrô, shoppings, estações rodoviárias, praças), o Vox Populi entrevista as pessoas em suas residências. Assim, argumentou, cairia a chance de a sondagem excluir algumas parcelas do eleitorado.

Paulino, do Datafolha, discorda. "É cada vez mais difícil conseguir acesso aos extremos da pirâmide (social). Você consegue imaginar o entrevistador entrando no seu prédio e batendo de porta em porta? O acesso hoje às residências é mais difícil nos grandes centros".

Outra diferença na metodologia é a forma de checagem dos dados. Enquanto a verificação do Datafolha ocorre in loco por um supervisor ou por telefone --fixo ou móvel, segundo Paulino--, o Vox Populi retorna às residências. Ambos os institutos buscam entrevistados em municípios de todos os portes e regiões.

Para Meira, do Vox Populi, a divergência decorre também do fato de as diversas parcelas do eleitorado terem níveis diferentes de acesso à informação sobre o processo eleitoral nesta etapa da campanha. A tendência, acredita, é as pesquisas convergirem para patamares semelhantes quando os programas de TV gratuitos dos candidatos passarem a ser transmitidos.

"Num ambiente de assincronia e assimetria de informação, os efeitos sobre a intenção de voto são diferenciados."

O Ibope está fora da polêmica dos últimos dias, até porque solta sua mais nova pesquisa na próxima sexta. O instituto acredita que as diferenças entre Vox Populi e Datafolha são resultado principalmente da diferença entre os questionários utilizados pelos dois institutos.

Márcia Cavallari, presidente-executiva do Ibope, afirmou que o Datafolha, assim como próprio Ibope, utiliza perguntas que vão "direto ao ponto", enquanto o Vox Populi e o Sensus iniciam as entrevistas com perguntas que servem para situar o eleitor, ou "esquentar" a entrevista antes de entrar no principal, que são as questões sobre intenção de voto.

"Fazer outras perguntas antes (das principais) dá outro tipo de resposta", disse Marcia.


Uma leitura dos questionários indica diferenças. Antes da pergunta sobre intenção de voto, o Vox Populi indaga ao entrevistado se conversou sobre política naquela semana e tenta medir o grau de conhecimento a respeito dos candidatos a presidente, além de questionar a opinião do eleitor sobre os candidatos (muito positiva, positiva, regular negativa).

Paulino diz que isso pode influenciar a resposta do entrevistado e, por isso, o Datafolha pergunta diretamente a intenção de voto. Segundo ele, a amostra da pesquisa não deve receber do entrevistador informações que o restante do eleitorado pode não ter, até porque não se sabe como o eleitor decodificará esses dados no futuro.

"A pesquisa é a realidade do momento."

O Vox Populi fornece pesquisas para uso interno do PT. O Datafolha não realiza pesquisas para uso exclusivo de partidos.

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