NEW YORK, NEW YORK - SEPTEMBER 21: British Prime Minister Liz Truss speaks during the 77th session of the United Nations General Assembly (UNGA) at U.N. headquarters on September 21, 2022 in New York City. This marks Truss first appearance at the U.N. since becoming Prime Minister. After two years of holding the session virtually or in a hybrid format, 157 heads of state and representatives of government are expected to attend the General Assembly in person and give remarks. (Photo by Anna Moneymaker/Getty Images) (Anna Moneymaker/Getty Images)
AFP
Publicado em 19 de outubro de 2022 às 12h45.
Última atualização em 19 de outubro de 2022 às 13h03.
A primeira-ministra britânica, Liz Truss, defendeu-se no Parlamento, nesta quarta-feira, 19, após o humilhante abandono de seu plano econômico e afirmou que é "batalhadora, e não alguém que desiste".
Criticada pela opinião pública e questionada dentro de seu Partido Conservador, Truss está na corda bamba, passadas seis semanas no poder.
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Até agora, seu silêncio havia sido rompido apenas por uma entrevista à rede BBC. Por isso, a sessão legislativa desta quarta é vista como um grande desafio após renunciar a quase todas as medidas de seu plano econômico.
O líder dos trabalhistas, Keir Starmer, perguntou ao Parlamento: para que serve uma primeira-ministra, cujas promessas não duram uma semana?".
Starmer puxou o coro "fora, fora!", acompanhado por seus correligionários. "Por que continua aqui?", concluiu o líder da oposição.
Truss respondeu: "Sou uma batalhadora, e não alguém que desiste". Depois, insistiu: "Estou disposta a tomar decisões difíceis".
A crise começou no final de setembro, quando seu então ministro das Finanças, Kwasi Kwarteng, apresentou um pacote de medidas econômicas com cortes significativos de impostos e um colossal auxílio para as contas de energia — duas questões que suscitaram temores de um descontrole dos gastos públicos.
A libra caiu a níveis históricos, e os juros de empréstimos a famílias e empresas ficaram mais caros. O Banco da Inglaterra precisou intervir para impedir que a situação não degenere em crise financeira.
Nomeado às pressas na sexta-feira, 14, Jeremy Hunt anunciou na segunda, 17, uma renúncia de quase todos os cortes de impostos apresentados por seu antecessor, dando a impressão de que agora o poder está mais em suas mãos do que nas da chefe de Governo.
Enquanto a inflação disparou em setembro, a 10,1% interanual, seu nível mais alto em 40 anos, a primeira-ministra enfrenta rumores de que pretende ajustar as aposentadorias para acompanhar as altas dos preços.
"Este governo prioriza os mais vulneráveis, ao mesmo tempo que aporta estabilidade econômica e conduz a um crescimento de longo prazo desejado por todos", garantiu Hunt nesta quarta, ao responder sobre a taxa de inflação.
Hunt advertiu, no entanto, que será necessário conter os gastos públicos.
Apesar do caos na política, os mercados estavam mais tranquilos, e o Fundo Monetário Internacional (FMI) destacou o retorno à "disciplina orçamentária", em um momento em que a recessão ronda o país.
Muitos temem, porém, um retorno à austeridade, como ocorreu na crise financeira de 2008, com cortes drásticos no orçamento público e um aumento do desemprego.
Segundo um levantamento do YouGov, apenas um de cada dez britânicos e um a cada cinco eleitores do Partido Conservador tem opinião favorável a Truss. Entre os membros do partido, 55% estimam que ela deveria renunciar, enquanto 38% preferem que continue no cargo.
A dois anos das próximas eleições parlamentares, a oposição trabalhista se sobressai frente aos conservadores nas pesquisas.
Cinco deputados de seu partido já pediram publicamente que Truss deixe o cargo. Com a falta de um sucessor claro, os conservadores têm reservas quanto a se lançarem em um novo e desgastante processo para indicar um líder. Buscam um consenso sobre uma pessoa, mas parecem longe de encontrá-la.