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Merkel teme que "bots sociais" manipulem eleição alemã em 2017

Em discurso ao Parlamento, Merkel pediu um debate sobre como notícias falsas, bots e trolls podem manipular a opinião pública

Merkel: os bots sociais imitam o comportamento humano em redes sociais, por exemplo publicando mensagens ou curtindo postagens. (Hannibal Hanschke/Reuters)

Merkel: os bots sociais imitam o comportamento humano em redes sociais, por exemplo publicando mensagens ou curtindo postagens. (Hannibal Hanschke/Reuters)

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Reuters

Publicado em 24 de novembro de 2016 às 18h22.

Berlim - O maior adversário da chanceler da Alemanha, Angela Merkel, na campanha eleitoral do ano que vem pode não ser um líder partidário rival, mas os chamados "bots sociais" - softwares programados para influenciar a opinião em redes sociais.

Em seu primeiro discurso ao Parlamento desde que anunciou, no domingo, sua intenção de se candidatar a um quarto mandato, Merkel pediu um debate sobre como notícias falsas, bots e trolls podem manipular a opinião pública.

"Para poder chegar às pessoas, inspirar as pessoas, precisamos lidar com este fenômeno e - quando necessário - regulamentá-lo", disse a chanceler aos parlamentares na quarta-feira.

O papel que o Facebook e o Twitter desempenham na disseminação de informações falsas e mal-intencionadas ganhou proeminência na pauta de Merkel depois da eleição chocante do candidato republicano Donald Trump como presidente dos Estados Unidos.

Os bots sociais imitam o comportamento humano em redes sociais, por exemplo publicando mensagens ou curtindo postagens. Eles podem ser usados para espalhar informações equivocadas e turvar o debate.

Alguns críticos dizem que a proliferação de notícias forjadas ajudou a inclinar a votação norte-americana a favor de Trump.

Agora que o partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD, na sigla em alemão) erodiu o apoio aos conservadores de Merkel atacando sua política de portas abertas aos refugiados, cresce o alarme a respeito da influência dos bots e das notícias falsas sobre eleitores em potencial.

Como sinal do quão seriamente a líder alemã está encarando o assunto, ela convidou Simon Hegelich, professor de ciência de dados políticos da Universidade Técnica de Munique, a inteirar o comitê executivo de sua União Democrata-Cristã (CDU) na segunda-feira.

"Merkel está realmente interessada no tópico dos bots, das notícias falsas e do discurso de ódio na internet, e está muito bem informada", disse Hegelich.

Embora todos os partidos alemães tenham dito que não irão usar bots na campanha, o fato de estes serem majoritariamente anônimos torna mais difícil discernir quem está por trás deles.

Hegelich não descarta que partidos os utilizem para desacreditar legendas ou políticos rivais.

Na semana passada, o diretor da agência de inteligência doméstica da Alemanha expressou preocupação com uma possível interferência da Rússia na eleição nacional por meio do emprego de reportagens enganadoras.

Além disso, as notícias falsas se tornaram um modelo de negócio lucrativo. Na campanha eleitoral dos EUA, blogueiros sem filiação política perceberam que podiam ganhar dinheiro divulgando histórias sensacionalistas e inverídicas.

Os partidos estabelecidos da Alemanha, o CDU e o centro-esquerdista Partido Social-Democrata (SPD), estão atrás da AfD em termos de atuação nas redes sociais.

O AfD acumulou mais de 300 mil curtidas no Facebook, enquanto CDU e SPD juntos mal chegam a 240 mil.

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