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Merkel admite derrota 'dolorosa' na Alemanha

Partido da chanceler alemã foi o grande derrotado nas eleições locais do país; políticos atribuiram resultado ao voto antinuclear

A chanceler alemã, Angela Merkel, lamentou o resultado da eleição (Joerg Sarbach - Pool/Getty Images)

A chanceler alemã, Angela Merkel, lamentou o resultado da eleição (Joerg Sarbach - Pool/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 28 de março de 2011 às 20h53.

Berlim - A chanceler alemã, Angela Merkel, não se esforçou muito nesta segunda-feira para minimizar a derrota de seu partido, a União Democrata-Cristã (CDU), em Baden-Württemberg, enquanto os partidos Verde e Social-Democrata (SPD) qualificaram o resultado como "histórico".

"Não se deve minimizar nada, foi um dia doloroso para a CDU, perdemos o governo em Baden-Württemberg após 58 anos e isso é algo que não vamos superar de um dia para o outro", reconheceu Merkel ao analisar os resultados em declarações à imprensa.

O triunfo dos Verdes em Baden-Württemberg, onde poderão liderar uma coalizão com o SPD e terão pela primeira vez a chefia de um governo regional, colocou no segundo plano as outras eleições, realizadas na Renânia-Palatinado.

Nesta região, o social-democrata Kurt Beck perdeu a maioria absoluta, mas poderá continuar governando em coalizão com os Verdes, que também tiveram uma grande votação.

"Os vencedores das eleições são sem dúvida alguma os Verdes, isso é claro", disse o chefe do SPD, Sigmar Gabriel.

"Quero parabenizá-los. É o fruto de um trabalho político de longos anos contra a energia nuclear, da qual muitos chegaram a zombar e que agora dá seus merecidos frutos", acrescentou o líder social-democrata.

Todos os partidos concordaram em apontar que o tema da energia atômica foi o elemento-chave das eleições. Gabriel chegou até a qualificar o pleito como um plebiscito contra a energia nuclear.

"Os eleitores em Baden-Württemberg e Renânia-Palatinado marcaram o fim da energia nuclear na Alemanha", disse o líder do SPD.

Já Merkel ressaltou que não tem intenção de tomar medidas precipitadas sobre o futuro da energia nuclear e disse que deseja esperar até junho, quando acaba a moratória à lei que prolonga a vida das usinas atômicas, para divulgar os resultados das investigações sobre o estado dessas centrais.

No entanto, a chanceler deu a entender que pensa em buscar o melhor caminho para deixar a energia nuclear ao reiterar que após a tragédia ocorrida no Japão sua posição com relação ao tema mudou, depois de reconhecer ter sido defensora das usinas atômicas no passado.

"Devo dizer abertamente que após o ocorrido no Japão minha posição com relação à energia nuclear já não é a mesma", disse Merkel, reiterando assim a mudança que seu governo teve nesse tema depois do terremoto e do tsunami de 11 de março.

O ministro de Meio Ambiente, Norbert Röttgern, foi mais claro do que Merkel ao afirmar que "agora se trata de mostrar que é possível abandonar a energia nuclear mais rapidamente" do que o planejado.


Enquanto isso, o copresidente dos Verdes, Cem Özdemir, expressou sua esperança de que essa mudança de curso - rumo ao abandono da energia nuclear - se traduzirá em fatos concretos e que os partidos da atual coalizão de governo assumirão a posição de sua legenda.

"Os resultados são uma clara mensagem de que o povo quer o fim da energia nuclear. Eu gostaria que a CDU e o Partido Liberal (FDP) se unissem à nossa posição neste ponto", disse Özdemir.

Por outro lado, Özdemir advertiu a seus correligionários que o triunfo em Baden-Württemberg e a chegada do candidato verde Winfried Kretschmann à chefia do governo regional desperta muitas expectativas e representa um grande desafio.

"As expectativas são enormes. Temos que dar a todos os que votaram por nós pela primeira vez uma pátria política e mostrar a eles que valeu a pena", disse Özdemir.

O SPD não se foi afetado pela perda de votos nas duas eleições graças ao fato de que, pela subida dos Verdes, conseguiu chegar ao governo como parceiro minoritário de coalizão em Baden-Württemberg e se manteve no poder na Renânia-Palatinado, embora tenha perdido a maioria absoluta, o que fará necessária uma coalizão com os ecopacifistas.

Junto à CDU, o outro grande derrotado da jornada eleitoral é o FDP, como o admitiu seu líder, o ministro das Relações Exteriores, Guido Westerwelle.

"A questão essencial esteve no Japão. Mas temos que reconhecer que se estivéssemos em melhor forma o FDP não teria sido tão afetado pela discussão sobre a energia nuclear", disse Westerwelle.

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