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Mercosul se reúne em Foz do Iguaçu e espera assinar acordo com UE em 12/1

Presidentes fazem encontro anual em que Brasil deve propor inclusão de carros e produtos sucroalcooleiros no mercado comum

Ministros de relações exteriores dos países do Mercosul, em encontro na sexta-feira, 19 (Evaristo Sá/AFP)

Ministros de relações exteriores dos países do Mercosul, em encontro na sexta-feira, 19 (Evaristo Sá/AFP)

Publicado em 20 de dezembro de 2025 às 08h01.

O Mercosul faz sua reunião anual de presidentes em Foz do Iguaçu, no Paraná, neste sábado, 20, aguardando o desfecho das negociações por parte da União Europeia, que espera assinar o acordo comercial entre os dois blocos em 12 de janeiro.

Na frente econômica, o Brasil buscará incluir seus setores automotivo e sucroalcooleiro no mercado comum do Mercosul, uma reivindicação antiga que encontra resistência por parte dos demais membros do bloco.

A cúpula entre o presidente Lula; seu homólogo argentino, Javier Milei; o presidente uruguaio, Yamandú Orsi; e o presidente paraguaio, Santiago Peña, foi precedida por uma reunião nesta sexta-feira entre seus ministros da Economia e das Relações Exteriores.

Na sexta, Lula inaugurou a Ponte da Integração Brasil-Paraguai nesta sexta-feira, na fronteira entre os dois países, e Peña planeja inaugurá-la no lado paraguaio.

As relações entre os dois países ficaram tensas este ano devido à revelação de uma operação de espionagem da inteligência brasileira que tinha como alvo instituições paraguaias. O governo Lula reconheceu a espionagem, mas culpou seu antecessor Jair Bolsonaro.

Os presidentes das duas maiores economias do Mercosul, Lula e Milei, que têm ideologias opostas, não realizaram nenhuma reunião bilateral até o momento.

O presidente ultraliberal da Argentina chega a Foz do Iguaçu poucos dias depois de publicar um mapa em sua conta do Instagram retratando o Brasil e outros países de esquerda da região como uma enorme favela empobrecida. A Argentina, por outro lado, aparece no mapa como um país futurista, assim como o Chile, onde a direita acaba de ganhar a eleição.

Acordo adiado com a UE

A Comissão Europeia confirmou na quinta-feira que o tratado, negociado há 25 anos, não seria assinado este sábado em Foz do Iguaçu, como estava previsto.

Embora o bloco sul-americano — Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai — e a maioria dos países europeus estivessem prontos para assinar, protestos de agricultores na França e na Itália impediram o consenso necessário.

Uma fonte da Comissão e dois diplomatas indicaram em Bruxelas que a nova data prevista é 12 de janeiro, no Paraguai.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, expressou confiança no dia anterior de que o acordo poderia ser finalizado em janeiro.

"A questão não é mais se o acordo será assinado, mas quando", afirmou um porta-voz do governo alemão.

O Brasil detém a presidência rotativa do Mercosul e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, na quinta-feira, que transmitirá o pedido de adiar a assinatura na cúpula de sábado com seus homólogos do Mercosul.

Lula afirmou que a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, lhe pediu "paciência por uma semana, dez dias, um mês" para assinar o pacto. O acordo criaria a maior zona de livre comércio do mundo.

Os agricultores europeus, especialmente na França e na Itália, estão receosos com a entrada de carne, arroz, mel e soja sul-americanos, considerados mais competitivos devido às suas normas de produção menos rigorosas.

Eles expressaram seu descontentamento na quinta-feira com protestos massivos em Bruxelas, à margem da cúpula.

O pacto comercial inclui diversas cláusulas de salvaguarda para proteger o setor, mas "na opinião pública francesa, há algo para além do racional que impede que esse acordo seja assinado", disse à AFP uma fonte do governo brasileiro.

"A gente vê que o cenário político interno francês é delicado", acrescentou a fonte.

Dezenas de agricultores franceses se manifestaram nesta sexta-feira em frente à casa de praia do presidente, Emmanuel Macron, e jogaram esterco nos arredores para protestar contra o acordo comercial, entre outras reivindicações.

Com AFP.

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