Mercosul envia nota ao governo da Venezuela com pedido de diálogo
Os países emitiram uma declaração conjunta pedindo pelo restabelecimento da ordem institucional na Venezuela
EFE
Publicado em 21 de julho de 2017 às 16h37.
Mendoza - O Mercado Comum do Sul ( Mercosul ) enviou nesta sexta-feira uma nota ao governo da Venezuela com um pedido de abertura de diálogo com o bloco, com o objetivo de encontrar uma solução para a grave crise política e social no país sul-americano.
"Enviamos uma nota hoje, os quatro países do Mercosul, pedindo à Venezuela que mantenha um diálogo conosco nos termos do Protocolo de Ushuaia, com a expectativa de que estas conversas sejam realizadas em um prazo particularmente curto", anunciou em uma coletiva de imprensa o chanceler argentino, Jorge Faurie.
A nota foi enviada por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, no contexto da cúpula semestral de chefes de Estado do Mercosul, que está sendo realizada hoje na cidade argentina de Mendoza.
Segundo Faurie, a nota foi remetida ao Governo de Nicolás Maduro em virtude do Protocolo de Ushuaia, assinado pelo Mercosul em 1998 e que inclui a denominada cláusula democrática.
Esse instrumento "obriga os países-membros a realizarem um processo de consulta", explicou o chanceler argentino.
"Aguardaremos este prazo para saber qual é a decisão do governo venezuelano e não duvidamos que a oposição vai dialogar sobre o que eles entendem que são os caminhos para se encontrar uma solução", disse Faurie.
O ministro argentino ressaltou que "a democracia não está vigente plenamente na Venezuela" e advertiu que, se o bloco não receber uma resposta do governo venezuelano no "curto" prazo estabelecido, poderia tomar novas decisões a respeito do país, que foi suspenso como membro pleno do Mercosul em dezembro.
Contudo, o chanceler argentino esclareceu que não se trata de um "ultimato", mas de um "pedido" ao governo venezuelano.
"Estamos convencidos de que a solução da Venezuela só pode ser alcançada pelos venezuelanos. Nós, os países do Mercosul, estamos nos oferecendo para sermos facilitadores do diálogo", acrescentou o chanceler argentino.
Os quatro países-fundadores do Mercosul, mais Chile, Colômbia, Guiana e México, emitiram hoje uma declaração conjunta em Mendoza na qual pediram à Venezuela o restabelecimento da ordem institucional e a abertura de um diálogo entre o governo de Nicolás Maduro e a oposição que permita uma "solução política crível".
Desde 1º de abril, a Venezuela vive uma onda de manifestações a favor e contra o governo, algumas das quais se tornaram violentas e deixaram cerca de 100 mortos e mais de mil feridos.
O governo Maduro convocou para o dia 30 de julho as eleições para a formação de uma Assembleia Nacional Constituinte, à qual se opõe a oposição e que foi rejeitada por milhões de venezuelanos em um referendo não oficial realizado no último domingo.
O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Aloysio Nunes, disse em coletiva de imprensa que as eventuais sanções que podem ser tomadas contra a Venezuela deverão ser sempre adotadas por consenso.
Consultado sobre as eventuais sanções que os Estados Unidos poderiam adotar a respeito da Venezuela, Nunes disse que o "Mercosul vai ficar ao lado da democracia" e agirá de forma "independente" do que for decidido em Washington e sempre partindo de um consenso dos membros do bloco e de uma "base jurídica".
Tanto Nunes como Faurie coincidiram que, se eventualmente forem adotadas sanções, estas não recairão sobre a população venezuelana.