Mundo

Meninos presos em caverna da Tailândia enviam cartas aos pais

"Não se preocupem comigo. Não esqueçam de preparar minha festa de aniversário", escreveu Duangphet, que assina com o apelido Dom

 (Reuters TV/Reuters)

(Reuters TV/Reuters)

A

AFP

Publicado em 7 de julho de 2018 às 10h43.

Última atualização em 7 de julho de 2018 às 10h47.

Os 12 meninos presos em uma caverna da Tailândia há 14 dias enviaram neste sábado, com a ajuda dos mergulhadores, cartas a suas famílias, ao mesmo tempo que as equipes de emergência mencionam um prazo de três a quatro dias para o resgate antes do retorno das chuvas.

O treinador de futebol dos menores de idade, que está com o grupo na caverna, também enviou uma carta aos pais das crianças, na qual pede desculpas: "Obrigado por todo o apoio moral e peço desculpas aos pais", escreveu Ekkapol Chantawong, de 25 anos, no texto divulgado pelos socorristas.

O sentimento de culpa do jovem treinador está no centro dos debates no país, alvo de críticas por ter levado os meninos a uma caverna que poderia ficar inundada durante as chuvas de monção.

Após a publicação de dois vídeos, o primeiro gravado quando os mergulhadores britânicos encontraram o grupo na segunda-feira à noite e o segundo, de terça-feira, as autoridades não divulgaram mais imagens dos jovens.

As cartas escritas pelas crianças a suas famílias são as primeiras provas de vida reveladas desde terça-feira.

"Não se preocupem, mamãe e papai. Eu estou fora há duas semanas, mas vou voltar e ajudá-los na loja", escreveu Bew.

"Um pouco de frio"

"Estou bem, mas aqui faz um pouco de frio. Não se preocupem comigo. Não esqueçam de preparar minha festa de aniversário", escreveu Duangphet, que assina a mensagem com seu apelido, Dom.

"Se eu sair, por favor me levem para comer moo krata", pediu Piphat, conhecido como Nick, ao mencionar um prato tailandês a base de porco e verduras.

As equipes de emergência mencionaram neste sábado a possibilidade de optar por um resgate perigoso, antes do retorno das chuvas de monção que derrubariam todos os esforços para drenar o máximo de água da caverna.

"Agora e durante os três ou quatro próximos dias, as condições de resgate são perfeitas no que diz respeito à água, tempo e saúde das crianças", afirmou Narongsak Osottanakorn, governador da província de Chiang Rai e coordenador da célula de crise.

"Temos que decidir o que podemos fazer", completou.

Os socorristas introduziram um tubo de vários quilômetros de comprimento para levar oxigênio à cavidade onde o grupo se encontra.

O nível de oxigênio foi estabilizado na caverna, mas o nível de dióxido de carbono é outro fator a ser considerado, explicou o governador.

"Quando você está em um local fechado, se o oxigênio cai a 12%, o corpo começa a desacelerar e a pessoa pode perder a consciência", disse Narongsak Osottanakorn.

As chuvas previstas para os próximos dias poderiam reduzir parte da área em que estão os jovens.

"A água poderia subir até o local em que os meninos estão sentados e reduzir a área a menos de 10 metros quadrados", afirmou o governador, ao citar estimativas de especialistas e mergulhadores.

Mais de 1.100 jornalistas

Durante a manhã, o governador afirmou que os meninos ainda não estavam preparados para percorrer o trajeto perigoso e sair da caverna. Mas o nível da água na gruta desceu, graças às operações de drenagem.

A morte de um ex-mergulhador da Marinha tailandesa na sexta-feira durante uma operação de abastecimento mostra o nível de perigo.

Vários meninos, com idades entre 11 e 16 anos, não sabem nadar e nenhum deles já praticou mergulho, o que complica ainda mais as operações.

No momento, um mergulhador experiente precisa de 11 horas para fazer uma viagem de ida e volta até o local em que estão os jovens: seis de ida e cinco para volta, graças à ajuda da corrente.

O trajeto tem vários quilômetros e inclui passagens estreitas e trechos sob a água.

Como alternativa ao resgate por mergulho, as equipes de emergência anunciaram mais de 100 perfurações verticais na montanha. Algumas são pouco profundas, mas uma delas tem quase 400 metros de profundidade.

A operação de resgate chama a atenção da imprensa mundial e mais de 1.100 jornalistas estão no local, com os equipamentos instalados em meio ao barro em uma área de selva tropical.

Acompanhe tudo sobre:Tailândia

Mais de Mundo

Yamandú Orsi, da coalizão de esquerda, vence eleições no Uruguai, segundo projeções

Mercosul precisa de "injeção de dinamismo", diz opositor Orsi após votar no Uruguai

Governista Álvaro Delgado diz querer unidade nacional no Uruguai: "Presidente de todos"

Equipe de Trump já quer começar a trabalhar em 'acordo' sobre a Ucrânia