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Médicos fazem greve na Índia após estupro e assassinato de médica

A autópsia confirmou a agressão sexual e os pais da vítima afirmaram, em um pedido ao tribunal, que suspeitavam que a filha tinha sido vítima de um estupro coletivo

Protestos: enfermeiros condenam estupro e assassinato de médica na Índia durante vigília na cidade de Chandigarh, no dia 16 de agosto. (AFP/AFP)

Protestos: enfermeiros condenam estupro e assassinato de médica na Índia durante vigília na cidade de Chandigarh, no dia 16 de agosto. (AFP/AFP)

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Agência de notícias

Publicado em 17 de agosto de 2024 às 14h32.

Médicos na Índia realizam uma greve de 24 horas neste sábado (17) para protestar contra o estupro e o assassinato de uma jovem médica que chocou o país e gerou indignação em meio ao problema crônico da violência contra as mulheres.

O corpo da médica de 31 anos foi encontrado com múltiplos ferimentos no dia 9 de agosto no anfiteatro do hospital público onde trabalhava em Calcutá, no leste da Índia.

Indícios sugerem que a jovem teria ido ao local para descansar durante seu longo plantão de 36 horas.

A autópsia confirmou a agressão sexual e os pais da vítima afirmaram, em um pedido ao tribunal, que suspeitavam que a filha tinha sido vítima de um estupro coletivo.

Médicos e outros profissionais de saúde iniciaram então protestos em todo o país, aos quais se somaram dezenas de milhares de pessoas.

Na manhã deste sábado, a Associação Médica Indiana (IMA) intensificou suas mobilizações com uma "paralisação nacional dos serviços" por 24 horas e a suspensão de todas as intervenções médicas não essenciais.

"Pedimos a compreensão e o apoio da nação nesta luta por justiça para seus médicos e filhas", afirmou R.V. Asokan, dirigente da IMA.

"O turno do plantão de 36 horas da vítima e a falta de um local seguro para descansar justificam uma revisão completa das condições de trabalho e de vida dos médicos residentes", reforçou a associação, qualificando o homicídio como uma "barbárie".

"Comportamentos monstruosos"

Os médicos exigem a aplicação correta da chamada Lei de Proteção Central, que busca salvaguardar os funcionários da saúde.

A polícia de Calcutá foi acusada de má gestão do caso e o Tribunal Superior da cidade o transferiu na terça-feira para o Gabinete Central de Investigação, uma agência federal, para "inspirar confiança à população".

O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, fez um apelo para que o "comportamento monstruoso contra as mulheres" seja punido "severa e rapidamente".

"As mãos que curam não devem sangrar", dizia um cartaz escrita por um manifestante em Calcutá, onde milhares de pessoas realizaram uma vigília à luz de velas até a madrugada de sábado.

Médicos de instituições públicas em vários estados indianos interromperam na segunda-feira os tratamentos não emergenciais por tempo "indeterminado" para exigir mais segurança.

As agressões sexuais contra as mulheres são frequentes na Índia, com uma média de quase 90 estupros por dia registrada em 2022, em um país de 1,4 bilhão de habitantes.

O estupro e o assassinato de uma jovem em um ônibus de Nova Délhi em 2012 comoveu o mundo e provocou grandes protestos no país.

Sob pressão da opinião pública, o governo adotou punições mais severas para os estupradores, incluindo a pena de morte para os reincidentes.

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