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Médicos em vídeo banido nos EUA já negaram gravidade do coronavírus

Vídeo de grupo defendendo a cloroquina como "cura" foi banido das redes sociais. Em maio, médica disse não haver "motivos para preocupação" com covid-19

Reprodução de vídeo tirado do ar nas redes sociais: médicos afirmavam nas imagens que hidroxicloroquina era "cura" para covid-19 (Facebook/Reprodução)

Reprodução de vídeo tirado do ar nas redes sociais: médicos afirmavam nas imagens que hidroxicloroquina era "cura" para covid-19 (Facebook/Reprodução)

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Carolina Riveira

Publicado em 29 de julho de 2020 às 14h27.

Última atualização em 29 de julho de 2020 às 14h44.

O grupo de médicos que apareceu no vídeo tirado do ar nos Estados Unidos já havia minimizado a própria gravidade do coronavírus.

No vídeo, que viralizou nesta semana antes de ser removido, uma das líderes é a Dra. Stella Immanuel, do grupo America’s Frontline Doctors (médicos americanos da linha de frente, em tradução livre). Nas imagens, o grupo de médicos aparecem defendendo a hidroxicloroquina como "cura" para o coronavírus.

Facebook, YouTube e Twitter tiraram o conteúdo de suas plataformas afirmando que o vídeo disseminava desinformação e tratamentos não-comprovados contra a covid-19.

O vídeo foi publicado na internet pelo site de direita Breitbart. O material foi tirado do ar na segunda-feira, 27, após ter mais de 14 milhões de visualizações e ter sido compartilhado pelo presidente americano, Donald Trump, e por seu filho, Donald Trump Jr.

Além deste vídeo, a Dra. Stella Immanuel e outros membros do grupo America's Frontline Doctors já foram registrados no passado fazendo discursos de que a pandemia do coronavírus não era grave o suficiente.

Immanuel, que é pediatra e líder religiosa, também já disse nos últimos anos que "DNA alienígina" é usado em tratamentos médicos e cientistas estão fabricando uma vacina para "evitar" que os pacientes imunizados sejam religiosos, segundo apuração do site americano Daily Beast com base em posts de redes sociais da médica.

Immanuel também diz que o governo é liderado não por humanos, mas por "reptilianos" e outros "alieníginas".

Já a fundadora do grupo, Dra. Simone Gold, disse à agência de notícias Associated Press em maio que "não há base científica para que o americano médio fique preocupado" sobre o coronavírus. Na ocasião, ela foi a primeira signatária de um abaixo-assinado com 400 assinaturas pedindo que a economia americana reabrisse imediatamente e completamente, e não de forma gradual como vinha sendo feito.

Em maio, os EUA já passavam de 1 milhão de casos da doença e quase 100.000 mortes. Atualmente, o país tem 4,3 milhões de casos de coronavírus e quase 150.000 mortes, segundo os números até a manhã desta quarta-feira, 29.

Vídeo removido

Nas imagens desta semana, que foram publicadas pelo site de direita Breitbart, os médicos fizeram afirmações de que a hidroxicloroquina era “a cura para a covid-19”, infecção respiratória causada pelo coronavírus. Os médicos diziam ainda que “você não precisa de máscara”.

O grupo America's Frontline Doctors é apoiado pelo movimento Tea Party, grupo de extrema-direita que foi um dos maiores apoiadores da campanha do presidente Donald Trump. O Tea Party vem fazendo diversas manifestações contra medidas de isolamento social nos EUA.

Foi também o Tea Party que organizou a coletiva de imprensa no qual os médicos deram as declarações gravadas no vídeo que viralizou. Após o vídeo ser removido das redes sociais, o grupo publicou novamente o conteúdo em seu próprio site e divulgou uma resposta ao banimento do conteúdo, que chamou de "censura das empresas de tecnologia".

A divulgação do material, além de fazer as redes tirarem o vídeo do ar, levou o Twitter a suspender por 12 horas a conta de Donald Trump Jr. na plataforma.

O novo coronavírus não tem tratamento comprovado até agora, segundo a Organização Mundial da Saúde, e testes com a hidroxicloroquina não mostraram resultados efetivos.

A OMS recomenda que o tratamento com hidroxicloroquina seja usado somente caso recomendado estritamente pelo médico que cuida de cada paciente, mas não recomenda em hipótese alguma o uso em massa da substância, que pode gerar complicações no coração e no fígado.

Há também pesquisas sobre um potencial uso da substância como uma suposta prevenção ao coronavírus, o que ainda não foi comprovado.

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