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May sobrevive a moção, mas sofre pressão para adiar Brexit

A primeira-ministra rejeita a possibilidade de um Brexit sem acordo e a manutenção da união aduaneira com a UE, como quer a oposição

May: a oposição quer adiar a saída do Reino Unido da UE, marcado para o dia 29 de março (Will Oliver/EFE)

May: a oposição quer adiar a saída do Reino Unido da UE, marcado para o dia 29 de março (Will Oliver/EFE)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 17 de janeiro de 2019 às 09h01.

Londres - A primeira-ministra britânica, Theresa May, sobreviveu nesta quarta-feira, 16, a uma moção de desconfiança no Parlamento e manteve-se no cargo, apesar da histórica derrota de seu acordo para o Brexit, na terça-feira (15). Sem dar sinais de que pretende fazer concessões, ela negocia agora com uma oposição fortalecida, que pressiona pelo adiamento da data de saída do Reino Unido do bloco, marcada para 29 de março.

May manteve sua coalizão de governo unida, apesar das críticas de membros do Partido Conservador e de unionistas da Irlanda do Norte, que não concordam com o acordo negociado por ela com a UE, por considerá-lo muito favorável aos europeus. Mas, por temer a volta dos trabalhistas ao poder, eles respaldaram nesta quarta a premiê.

A oposição, fortalecida pela derrota da premiê na terça-feira, deve ter mais força para negociar emendas ao acordo e fazer com que May peça às autoridades continentais mais tempo para sair do bloco.

Após a vitória de quarta, no entanto, May não demonstrou sinais de que pretende recuar em nenhuma de suas posições. Ela rejeita a possibilidade de um Brexit sem acordo e a manutenção da união aduaneira com a UE, como querem os trabalhistas. Pouco depois da votação, uma porta-voz da premiê rechaçou os dois cenários.

O impasse é preocupante, uma vez que a premiê precisa apresentar um novo plano para aprovar o Brexit até segunda-feira. "Nada parece abalar Theresa May", disse o analista político Anand Menon, do centro de estudos UK in a Changing Europe. "Ela segue em frente com seu plano."

Essa determinação - ou teimosia, para seus críticos - ajuda em uma situação que exige uma correção de rota. Muitos deputados, principalmente do Partido Trabalhista, acreditam que a manutenção de uma união aduaneira com a UE possibilitaria a aprovação do acordo.

May, no entanto, não admite esse cenário, porque significaria dar uma contrapartida aos europeus: permitir o livre fluxo de pessoas dos dois lados do Canal da Mancha - justamente uma das bandeiras do Brexit.

Sem acordo, a saída desordenada da UE - solução preferida dos eurocéticos dentro do próprio Partido Conservador - pode provocar caos econômico. "Ela está em estado de negação", afirmou o deputado trabalhista Ben Bradshaw, a respeito de May.

Diante da mistura de inflexibilidade e de falta de apoio político, analistas acreditam que o trabalhista Jeremy Corbyn agora está em posição mais confortável de pressionar May e influenciar possíveis mudanças no acordo. No entanto, para conseguir fazê-lo, ele terá de superar algumas divisões dentro de seu partido.

Entre os trabalhistas, há divisões entre os que apoiam o Brexit, por considerar a União Europeia nociva à classe trabalhadora britânica, e os que apoiam a permanência no bloco. "Em toda a Europa, os partidos de esquerda enfrentam esse dilema", disse Tim Bale, professor de ciência política da Universidade de Londres.

Prazos

Nesta quarta, a chanceler alemã, Angela Merkel, disse que ainda há tempo para um acordo sobre o Brexit, e o presidente francês, Emmanuel Macron, admitiu que há margem para mudar alguns pontos do pacto.

Em carta publicada na quarta, mais de 70 deputados do Partido Trabalhista defenderam a organização de uma segunda consulta popular, rejeitada por May, mas que Corbyn deve apoiar se não conseguir provocar eleições antecipadas.

Os nacionalistas escoceses, que fazem parte da oposição, também apoiam uma nova consulta popular. Durante o referendo que rejeitou a independência da Escócia, em 2014, o governo britânico - então liderado pelo conservador David Cameron - dizia que os escoceses deveriam votar contra a independência, que significaria a saída da Escócia da UE. Agora os escoceses reclamar que terão de sair do bloco de qualquer forma, mesmo a maioria da Escócia tendo vota. (Com agências internacionais).

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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