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May rompe conservadorismo e busca nova visão ao Reino Unido

A primeira-ministra do país quer que os conservadores descartem a imagem de partido que protege os ricos e poderosos à custa dos pobres

Theresa May: seu discurso foi um rompimento claro com Cameron, que foi criticado muitas vezes por proteger os "ricos e poderosos" (Pool/Getty Images)
DR

Da Redação

Publicado em 5 de outubro de 2016 às 13h36.

A primeira-ministra do Reino Unido , Theresa May, apresentou nesta quarta-feira a proposta que tem para o país na sequência do referendo que decidiu pela desfiliação da União Europeia , pedindo uma nova abordagem de governo que sirva à classe média que votou pela separação em protesto contra a elite.

Nomeada há apenas três meses, depois que o referendo sobre a filiação britânica na UE forçou a renúncia de seu antecessor David Cameron, May procurou ratificar sua autoridade em seu discurso de encerramento na conferência do governista Partido Conservador.

Mais cedo nesta semana, ela já havia apaziguado a ala eurocética de seu partido prometendo restaurar a soberania do Reino Unido e os controles sobre a imigração nas conversas sobre a separação do bloco, conhecida como Brexit.

Desta vez ela cortejou o centro do espectro político, conclamando seus correligionários a apelarem aos milhões de eleitores tradicionais do adversário Partido Trabalhista que rejeitaram a postura pró-UE da legenda de oposição e votaram pelo Brexit.

May quer que os conservadores descartem a imagem de partido que protege os ricos e poderosos à custa dos pobres.

"Então, se você é um chefe que ganha uma fortuna, mas não cuida de seus funcionários, uma empresa internacional que trata as leis tributárias como um extra opcional... um diretor que assume dividendos enormes sabendo que as pensões da empresa estão prestes a falir, estou dando um alerta a vocês", disse a premiê, sob aplausos.

"Isso não pode mais continuar", acrescentou May, no que foi visto por muitos como uma referência ao magnata do varejo britânico Philip Green, que foi culpado pelo colapso da loja de departamentos BHS este ano depois de vender o negócio em 2015 a um empresário que acumula falências.

O discurso de May foi um rompimento claro com Cameron, que foi criticado muitas vezes por proteger os "ricos e poderosos", alguns dos quais frequentaram a mesma escola de elite dele e circulam em rodas da alta sociedade semelhantes.

A própria May mora em um vilarejo abastado no bucólico Vale do Tâmisa, mas foi educada principalmente em escolas do Estado.

"(Temos) um plano ousado para unir o Reino Unido, para construir um Reino Unido novo e coeso centrado no meio termo, uma pauta para um conservadorismo novo e moderno que entende o bem que o governo pode fazer, que nunca irá hesitar em enfrentar os poderosos quando eles abusarem de suas posições de privilégio, que sempre irá agir no interesse das pessoas comuns da classe trabalhadora", afirmou.

Depois de várias ovações durante seu discurso, muitos dos conservadores presentes louvaram seu pedido de mudança.

Mas, ao mesmo tempo, alguns questionaram se a ex-ministra do Interior será capaz de concretizar uma pauta tão ambiciosa.

"O grande problema aqui é cumprir. A proposta foi brilhante, mas concretizar de verdade essa proposta será realmente difícil", disse Roy Hewlett, empregado do setor da saúde e eleitor conservador de longa data.

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A primeira-ministra do Reino Unido , Theresa May, apresentou nesta quarta-feira a proposta que tem para o país na sequência do referendo que decidiu pela desfiliação da União Europeia , pedindo uma nova abordagem de governo que sirva à classe média que votou pela separação em protesto contra a elite.

Nomeada há apenas três meses, depois que o referendo sobre a filiação britânica na UE forçou a renúncia de seu antecessor David Cameron, May procurou ratificar sua autoridade em seu discurso de encerramento na conferência do governista Partido Conservador.

Mais cedo nesta semana, ela já havia apaziguado a ala eurocética de seu partido prometendo restaurar a soberania do Reino Unido e os controles sobre a imigração nas conversas sobre a separação do bloco, conhecida como Brexit.

Desta vez ela cortejou o centro do espectro político, conclamando seus correligionários a apelarem aos milhões de eleitores tradicionais do adversário Partido Trabalhista que rejeitaram a postura pró-UE da legenda de oposição e votaram pelo Brexit.

May quer que os conservadores descartem a imagem de partido que protege os ricos e poderosos à custa dos pobres.

"Então, se você é um chefe que ganha uma fortuna, mas não cuida de seus funcionários, uma empresa internacional que trata as leis tributárias como um extra opcional... um diretor que assume dividendos enormes sabendo que as pensões da empresa estão prestes a falir, estou dando um alerta a vocês", disse a premiê, sob aplausos.

"Isso não pode mais continuar", acrescentou May, no que foi visto por muitos como uma referência ao magnata do varejo britânico Philip Green, que foi culpado pelo colapso da loja de departamentos BHS este ano depois de vender o negócio em 2015 a um empresário que acumula falências.

O discurso de May foi um rompimento claro com Cameron, que foi criticado muitas vezes por proteger os "ricos e poderosos", alguns dos quais frequentaram a mesma escola de elite dele e circulam em rodas da alta sociedade semelhantes.

A própria May mora em um vilarejo abastado no bucólico Vale do Tâmisa, mas foi educada principalmente em escolas do Estado.

"(Temos) um plano ousado para unir o Reino Unido, para construir um Reino Unido novo e coeso centrado no meio termo, uma pauta para um conservadorismo novo e moderno que entende o bem que o governo pode fazer, que nunca irá hesitar em enfrentar os poderosos quando eles abusarem de suas posições de privilégio, que sempre irá agir no interesse das pessoas comuns da classe trabalhadora", afirmou.

Depois de várias ovações durante seu discurso, muitos dos conservadores presentes louvaram seu pedido de mudança.

Mas, ao mesmo tempo, alguns questionaram se a ex-ministra do Interior será capaz de concretizar uma pauta tão ambiciosa.

"O grande problema aqui é cumprir. A proposta foi brilhante, mas concretizar de verdade essa proposta será realmente difícil", disse Roy Hewlett, empregado do setor da saúde e eleitor conservador de longa data.

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