Theresa May: indecisão do Parlamento dificulta Brexit com acordo (Reuters TV/Reuters)
Reuters
Publicado em 2 de abril de 2019 às 08h58.
Londres — A primeira-ministra britânica, Theresa May, vai presidir horas de reuniões ministeriais nesta terça-feira, 2, em uma tentativa de traçar uma saída para a confusão que o Brexit se tornou, sob pressão para deixar a União Europeia sem um acordo ou convocar uma eleição.
Cerca de três anos após o Reino Unido votar pela separação da UE como resultado de um surpreendente referendo, a política britânica está em crise e não é certo como, quando ou até mesmo se, de fato, a separação do bloco, ao qual se uniu pela primeira vez em 1973, ocorrerá.
O acordo de May foi derrotado três vezes pela Casa dos Comuns, que não encontrou na segunda-feira uma maioria entre os parlamentares para decidir qualquer alternativa para o acordo da premiê. Espera-se que May tente colocar pela quarta vez seu acordo em votação nesta semana.
O beco sem saída já adiou o Brexit por ao menos duas semanas além do prazo original estimado, em 29 de março, e May presidiu reuniões em seu gabinete com intuito de encontrar um caminho para sair do labirinto.
"Nos últimos dias, um cenário sem acordo se tornou mais provável, mas ainda esperamos evitá-lo", disse o negociador do Brexit por parte da UE, Michel Barnier, em Bruxelas.
Barnier afirmou que o Reino Unido ainda pode aceitar o acordo paralisado que May negociou, mas reitera que esse é "o único modo" de o Reino Unido sair do bloco de forma organizada.
Se o acordo de May não for ratificado pelo Parlamento, então ela precisará optar entre a retirada sem acordo, convocando eleições, ou pedir um longo adiamento à UE a fim de negociar uma relação muito mais próxima com o bloco.
"Espero que possamos encontrar uma solução. O Parlamento britânico tem dito que não quer um Brexit desordenado", disse a chanceler alemã, Angela Merkel.
A terceira derrota do acordo de May, na sexta-feira -- data em que o Reino Unido originalmente deveria deixar a UE --, enfraqueceu a líder britânica frente a uma geração que enfrenta uma crise em espiral.
O eleitorado britânico, seus dois principais partidos e o gabinete de May estão divididos sobre o Brexit e May corre o risco de segmentar seu Partido Conservador caso ela se incline para um relacionamento pós-Brexit mais próximo com a UE ou saia sem um acordo.
Se ela apoiar ou rejeitar tal movimentação, ela poderá enfrentar renúncias.