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Da Redação
Publicado em 14 de outubro de 2010 às 15h16.
O que explica a derrota de Marta Suplicy em São Paulo é o fracasso na construção da imagem política da prefeita. "Ela não perdeu por sua gestão, mas por um fiasco na comunicação, especialmente com os segmentos sociais médios da cidade", diz Cláudio Couto, cientista político da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). O preço dessa inabilidade será cobrado da prefeita dentro de dois anos, na escolha dos candidatos ao governo do estado. Para Couto, o nome de Marta ficará em último na disputa pela candidatura do Partido dos Trabalhadores (PT). Na frente, virão os nomes do senador Aloizio Mercadante, do ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, e de João Paulo Cunha , presidente da Câmara dos Deputados.
"A Marta agora é o quarto nome do PT para o governo do estado e só terá chances se for recredenciada por um fracasso administrativo de José Serra [prefeito eleito de São Paulo, do PSDB] e ao mesmo tempo conseguir reformular totalmente sua imagem. Sem esses dois pré-requisitos, é muito difícil", diz Couto. Ele explica que o deputado João Paulo colheu uma vitória expressiva na cidade de Osasco, sua base política, onde os petistas conseguiram desalojar o prefeito Celso Giglio (PSDB) depois de uma das mais acirradas disputas destas eleições municipais (clique aqui e veja os resultados do 2º turno).
Outra explicação que pode ser invocada para derrotas petistas, especialmente em Belém e Porto Alegre, é uma "fadiga natural" do eleitorado diante de longos períodos ininterruptos de gestão (oito anos na capital do Pará e16 na capital gaúcha). "É até normal que haja essa interrupção, o surpreendente, em especial no caso de Porto Alegre, é que não tenha acontecido antes", avalia Couto.
Para os tucanos, o risco é que essa fadiga do eleitorado se vire contra o partido daqui a dois anos, justamente no estado mais importante da federação. Com três gestões estaduais seguidas, o PSDB, pela primeira vez no controle da capital paulista, fica de imediato sem lideranças óbvias para concorrer nas eleições para governador (Geraldo Alckmin não pode concorrer à reeleição segundo a lei). Para José Serra, o custo político de abandonar a prefeitura no meio do mandato seria muito alto. "É improvável que ele saia, depois de tanto foco sobre seu vice durante a campanha eleitoral", afirma o cientista político da PUC.
As chances tucanas seriam depositadas, assim, na construção gradual de candidaturas como a do secretário de Segurança, Saulo de Castro, ou do secretário de Educação, Gabriel Chalita. "Além desses dois, que são evidentemente os mais queridos de Alckmin, também há no tabuleiro as pretensões de Walter Feldman e Arnaldo Madeira." Mas há um nome que está correndo por fora, diz Couto, e pode emplacar justamente pela discrição e pela força na máquina partidária. "É um mero palpite, mas o [deputado federal] Aloysio Nunes Ferreira é de confiança do Serra, pode assumir uma secretaria com visibilidade na cidade de São Paulo e reunir cacife para disputar o governo."