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Mario Draghi aceita missão de formar governo de emergência na Itália

Na Itália, o contexto é de intensos embates políticos, o que deverá tornar a missão do ex-presidente do Banco Central Europeu difícil

Mario Draghi: ex-presidente do Banco Central Europeu aceitou a incumbência de formar um novo governo na Itália (Francois Lenoir/Reuters)

Mario Draghi: ex-presidente do Banco Central Europeu aceitou a incumbência de formar um novo governo na Itália (Francois Lenoir/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 3 de fevereiro de 2021 às 22h02.

O ex-presidente do Banco Central Europeu Mario Draghi aceitou nesta quarta-feira, 3, a incumbência de formar um governo de emergência na Itália, depois que fracassaram as negociações políticas para reeditar o Executivo de Giuseppe Conte.

"É um momento difícil, o presidente relembrou a dramática crise sanitária e seus graves efeitos na vida das pessoas, na economia e na sociedade. A emergência requer soluções à altura. Respondo positivamente à convocação do presidente", disse Draghi, após se reunir com o chefe de Estado italiano, Sergio Mattarella.

O presidente apresentou a missão para enfrentar de forma imediata a crise econômica e a pandemia da covid-19, como uma alternativa para a realização de novas eleições.

Draghi deverá constatar se conta com a maioria no Parlamento, uma tarefa indicada como difícil, pois a maior força, o Movimento 5 Estrelas (M5S), que perdeu o governo, já adiantou que não o apoiará, assim como a extrema direita.

Para sair da crise, o presidente italiano optou por um governo que classificou como "de alto perfil e institucional", encarregado a um técnico, como Draghi, que tem muito prestígio na Itália, e fez um chamado para que todos os partidos que têm cadeira no Parlamento apoiá-lo. Mattarella é o único que, pela Constituição, designa o primeiro-ministro ou dissolve o Parlamento.

O indicado a primeiro-ministro aceitou a incumbência com reservas, como indica o protocolo, e agora terá de negociar com as diferentes legendas, já iniciando as conversas com um pedido de "unidade e diálogo", para dar "uma resposta responsável e positiva".

Na Itália, no entanto, o contexto é de intensos embates políticos, o que deverá tornar a missão de Draghi difícil.

O Partido Democrata (PD), de centro-esquerda; o Itália Viva, de centro; o Força Itália, do conservador Silvio Berlusconi; entre outras legendas menores, de centro, já manifestaram apoio ao indicado por Mattarella.

Um dos líderes da extrema direita, Matteo Salvini, também anunciou publicamente a preferência por novas eleições, embora admita esperar os planos do eventual governo.

Draghi deverá começar a trabalhar em um programa e na formação de uma equipe de ministros. Depois disso, iniciará rodadas de consultas com os partidos, para buscar apoio.

Se obter o respaldo necessário, será o momento de voltar a se encontrar com Mattarella, para aceitar o cargo de maneira definitiva e fazer o juramento no cargo, antes de se submeter ao Parlamento, que deverá confirmar seu nome como primeiro-ministro.

'Apóstolo das elites'

Considerado o salvador da zona do euro em 2012, quando a crise da dívida atingiu a economia do velho continente, Draghi, de 73 anos, desencadeia reações mistas entre a classe política.

O prestigioso economista espera repetir, no entanto, a chamada "fórmula de Ursula" que levou à eleição da atual presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, graças à união de várias forças políticas.

Conhecido por sua discrição, seriedade e determinação, Draghi espera reviver a economia em dificuldades da Itália graças a um gigantesco plano de mais de € 200 bilhões (cerca de R$ 1,2 bilhão) financiado pela União Europeia.

A covid-19, que já custou a vida a quase 89 mil pessoas no país, causou uma queda no Produto Interno Bruto de 8,9% em 2020, uma das piores quedas na zona do euro.

A nomeação de Draghi, que é uma personalidade acima dos partidos políticos, foi recebida com entusiasmo pela Bolsa de Valores de Milão. As ações de bancos registravam alta de 3% por volta do meio-dia.

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