Emmanuel Macron e Marine Le Pen protagonizaram um tenso debate de três horas na quarta-feira (AFP/AFP)
Agência de Notícias
Publicado em 8 de julho de 2024 às 08h47.
Última atualização em 8 de julho de 2024 às 08h49.
A líder ultradireitista Marine Le Pen lamentou a derrota de seu partido Reagrupamento Nacional (RN) neste domingo nas eleições parlamentares na França, mas ressaltou que o apoio do partido dobrou, o que, segundo ela, "estabelece as bases para uma vitória futura".
"Esta é uma vitória adiada", declarou Le Pen, que não pediu a renúncia do presidente, Emmanuel Macron, apesar do que ela considerou um "fracasso" do chefe de Estado, que convocou as eleições de forma antecipada para tentar reforçar sua própria sustentação, mas viu sua coalizão Juntos ficar em segundo lugar, segundo pesquisas de boca de urna.
França: pesquisas indicam reviravolta e liderança da centro-esquerdaEssas pesquisas mostram que a aliança de esquerda Nova Frente Popular (NFP) foi a grande vencedora do pleito, mas não terá maioria absoluta na Assembleia Nacional, o parlamento do país, o que pode indicar dificuldades para o próximo governo, que dependerá de acordos entre blocos de visões muito diferentes para aprovar projetos.
Por outro lado, Le Pen destacou o crescimento de seu partido "apesar de ter todos contra ele, inclusive a imprensa, que tomou partido nesta campanha".
Descontando os acordos regionais entre políticos do bloco macronista e da NFP que provocaram a derrota do RN em vários lugares onde houve segundo turno na França neste domingo, Le Pen assegurou que seu partido é "o primeiro da França" em apoio e que em "dezenas de círculos eleitorais" ficou a apenas um ou dois pontos percentuais da vitória. Com isso, ela previu que uma vitória da extrema direita "chegará" em futuras eleições legislativas.
"A maré está subindo, não o suficiente desta vez, mas ainda está subindo. É uma vitória adiada", declarou.
Le Pen reconheceu que a decisão de Macron de retirar candidatos de vários distritos eleitorais onde haviam ficado em terceiro lugar para que os votos deles se transferissem para a esquerda a fim de impedir a vitória de políticos do RN levou a "uma situação insustentável", com "a extrema esquerda às portas do poder".
"Sem todas essas desistências, o RN estaria bem na liderança", alegou.
"O que ele (Macron) vai fazer agora, nomear (Jean-Luc) Mélenchon primeiro-ministro?", perguntou Le Pen, referindo-se ao político de esquerda radical que é um dos principais líderes do NFP.
Para ela, Macron provocou a eleição de uma Assembleia Nacional que não levará em conta as necessidades dos franceses, "que estão pedindo menos imigração, mais segurança e mais poder de compra".