Marina defende contrapartida ambiental para empréstimo público
Brasília - A candidata do PV à Presidência da República, Marina Silva, defendeu a exigência de "condicionantes ambientais" para concessão de empréstimos e investimentos públicos a setores da economia. Em entrevista ao programa Roda Viva na noite passada, a ex-ministra do Meio Ambiente afirmou não ser inimiga do agronegócio, e sim contra as empresas ecologicamente […]
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h36.
Brasília - A candidata do PV à Presidência da República, Marina Silva, defendeu a exigência de "condicionantes ambientais" para concessão de empréstimos e investimentos públicos a setores da economia.
Em entrevista ao programa Roda Viva na noite passada, a ex-ministra do Meio Ambiente afirmou não ser inimiga do agronegócio, e sim contra as empresas ecologicamente "insustentáveis que não querem se tornar sustentáveis".
O Brasil tem sua economia altamente dependente da produção agrícola; e a candidatura da ex-petista levanta interrogações sobre as condições de crescimento do setor se for escolhida presidente em outubro.
"O que podemos fazer é incentivar para que todos encontrem o caminho da sustentabilidade", propôs. "Podemos até triplicar nossa capacidade de produção se utilizarmos práticas mais inteligentes e melhores tecnologias."
Ela atacou a visão "complacente" do Estado com aqueles que "não fazem o dever de casa". "O governo não pode ficar colocando recursos sem pedir nenhum tipo de contrapartida", adicionou.
Marina criticou as "escolhas" do atual governo e citou um exemplo de 2006, quando, segundo a presidenciável, o Executivo federal concedera empréstimos a frigoríficos "de seis a oito bilhões" (ela não esclareceu se em dólares ou reais) e, agora, tem dificuldade em dar aumento maior a aposentados.
Se eleita, a candidata sancionaria o aumento de 7,7 por cento para aposentados e pensionistas que ganham acima de um salário mínimo, mas vetaria o chamado fator previdenciário, espécie de pedágio para evitar aposentadorias precoces. Ambos os dispositivos foram aprovados pelo Congresso. O governo, vencido, havia aceitado reajuste de 7 por cento.
Mal Necessário
Marina afirmou que a exploração de petróleo na camada pré-sal é um "mal necessário" e que o recente vazamento de óleo no Golfo do México deve servir de alerta ao Brasil.
"Não temos como abrir mão dessa fonte de energia", reconheceu. "Mas uma parte desses recursos deve ser destinado a novos conhecimentos para substituir essa fonte de energia."
Ela disse, ainda, que gostaria que a discussão sobre a nova divisão de royalties, aprovada semana passada no Senado, tivesse ficado para depois das eleições. A emenda prevê repartição igualitária da riqueza gerada com a extração de petróleo entre todos os entes da federação, produtores ou não. A mudança implica queda na receita de Estados como Rio de Janeiro e Espírito Santo, já que mexe também com os contratos passados de exploração continental.
Entusiasta da chamada energia limpa, mas crítica da energia nuclear, questionou de novo a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte. "Além dos problemas sociais e ambientais, acabou revelando outro problema, que é a própria viabilidade econômica do empreendimento."
Ponte entre PT e PSDB
Marina reiterou ser possível fazer política sem fisiologismos e que governaria como "ponto de contato" entre PT e PSDB. Ex-ministra da gestão de Luiz Inácio Lula da Silva, mas adversária da candidata do governo, Dilma Rousseff, afirmou que a petista e o candidato tucano, José Serra, têm perfil gerencial.
"O Brasil não precisa de gerente, precisa de pensamento estratégico." Sobre sua religião, evangélica, rebateu os críticos: "Não acho que ter fé no Brasil torne qualquer pessoa incompatível com a função de dirigir o governo."
"Não vou transformar púlpitos em palanques. Não vou satanizar as pessoas (que não seguem sua religião)."
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