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Louisiana faz festival do Camarão e do Petróleo pós-maré negra

Tradicional festival ocorre em área afetada pelo vazamento e recebeu patrocínio da BP

Pescador segura camarões durante o 75º Festival do Camarão e do Petróleo, na Louisiana (Sean Gardner/AFP)

Pescador segura camarões durante o 75º Festival do Camarão e do Petróleo, na Louisiana (Sean Gardner/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h11.

Morgan City, Estados Unidos- Ansiosos em deixar para trás o trágico vazamento de petróleo no Golfo do México e celebrar uma tradição local, milhares de pessoas viajaram no fim de semana para a Louisiana para o Festival do Camarão e do Petróleo.

O nome incomum do evento, celebrado anualmente, faz alusão às duas maiores indústrias da região, ambas afetadas pelo desastroso vazamento no duto Macondo, da petroleira britânica BP.

Mas com a garantia das autoridades americanas de que o duto danificado não representa mais riscos, após ter sido tampado e selado, 150 mil pessoas viajaram para a Louisiana para degustar os frutos do mar da região e apreciar a frota de barcos local.

A pesca de camarão pôde ser mantida em Morgan City, apesar do vazamento, que forçou outras comunidades menos afortunadas da costa do Golfo a procurar os crustáceos em outras regiões onde a pesca não tivesse sido embargada por medo de contaminação.

Embora para os visitantes pareça uma combinação estranha, as indústrias camaroneira e petroleira são importantes empregadoras na região e comemorá-las faz muito sentido para os moradores.

"É uma tradição", explicou Randi Falcon, moradora do Mississippi que retornou à cidade onde passou a infância para participar do festival.

A BP contribuiu com US$ 5.000 para o evento deste ano, disse a presidente do festival, Nathalie Weber, eleita rainha do Camarão e do Petróleo em 1968.

No ano passado, a companhia britânica não contribuiu, mas este ano - contou Weber -, o logo da empresa foi discretamente colocado em uma corrente próxima da área de contadores de histórias.

"Fico feliz de que estejam nos patrocinando", disse Weber. "Não tenho raiva deles. Foi um acidente", acrescentou, referindo-se ao vazamento.


Laurie Shannon pertence à quarta geração da família na direção da loja Shannon's Hardware, na rua Front Street. A loja abastece desde 1876 tanto a indústria camaroneira quanto a petroleira.

"Bem, é duro admitir, mas os negócios vão bem", disse ela. "Porque fornecemos muitos barcos de limpeza. A aquestão agora é quando a moratória (de exploração de petróleo em águas profundas) vai terminar porque gostaríamos de ver nosso negócio voltar ao normal", acrescentou.

Outros mostraram-se menos otimistas. Welder Jimmy Harris perdeu o emprego em um estaleiro local, em meio à recessão, e disse que o vazamento de petróleo dificultará ainda mais que encontre trabalho.

"Eu tenho três filhos e meu seguro desemprego está no fim", disse. "Mas pelo menos o festival é uma boa distração", consolou-se.

Mas a distração é apenas temporária para Harris. Depois do feriado do Dia do Trabalho, que se comemora nesta segunda-feira nos Estados Unidos, ele voltará a procurar trabalho.

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