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Mar do Sul da China é novo foco de conflito com EUA

Região pode abrigar a terceira maior reserva de petróleo do mundo

Mar do Sul da China: Filipinas chegaram a destruir demarcação chinesa no local (China Photos/Getty Images)

Mar do Sul da China: Filipinas chegaram a destruir demarcação chinesa no local (China Photos/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 7 de julho de 2011 às 13h37.

Pequim - O aumento dos atritos entre Pequim e seus vizinhos do sudeste asiático em torno do Mar do Sul da China, unido ao crescente intervencionismo dos Estados Unidos em um conflito com décadas de história, ameaçam perturbar a paz na região, que pode abrigar a terceira maior reserva de petróleo do mundo.

O Mar do Sul da China, de 3,3 milhões de quilômetros quadrados, rodeado por meia dezena de países e povoado por uma centena de ilhas desabitadas (os arquipélagos Paracel e Spratly), está se transformando em um crescente foco de tensão, coincidindo com um aumento do interesse de Washington na região.

Vietnã e Filipinas acusaram a China de cortar cabos usados para pesquisas sismológicas no leito marinho da zona disputada e de ameaçar seus navios pesqueiros, enquanto há mais de um mês, manifestações anti-China em Hanói, capital vietnamita, preocupam Pequim.

Na Filipinas, foi ordenado no mês passado a mudança nos mapas nacionais do nome "Mar do Sul da China" para "Mar Ocidental das Filipinas", enquanto destruíam balizas de demarcação estabelecidas por Pequim nas águas disputadas.

Aos cada vez mais frequentes atritos se aproximou a sombra dos EUA, que, em uma coincidência que causou suspeitas na China, realizou nas mesmas semanas de maior conflito manobras navais conjuntas com Filipinas e Vietnã, antigo rival com o qual vive um período de aproximação.

"Vietnã e EUA parecem estar aproveitando a oportunidade para mostrar suas intenções de fortalecer seu controle sobre estas áreas disputadas", afirmou à Agência Efe Steve Cheung, analista da região Ásia-Pacífico.

O fato preocupa os especialistas e os faz temer que a região, por seu grande potencial econômico e sua importância geográfica, se transforme em um novo Golfo Pérsico.


De fato, os chineses às vezes apelidam a área de "nosso Golfo Pérsico". Cálculos apontam que em seu leito poderia haver reservas de 17,7 bilhões de toneladas de petróleo (mais que o Kuwait), e em suas águas estão concentradas 8% das capturas pesqueiras globais.

Além disso, é uma das zonas de maior tráfego naval do mundo. O fato de que por ali passam navios chineses com exportações para todo o planeta, além das importações para China, faz com que o lugar tenha o triplo de trânsito que o Canal de Suez e cinco vezes mais que o do Panamá.

Para a China, que diz ter "soberania indisputável" sobre a região e suas ilhas, o problema tem um ponto de inflexão fundamental: o interesse dos EUA em "voltar ao sudeste asiático" após o fiasco da Guerra do Vietnã.

"Os EUA estão usando o conflito como uma desculpa para retornar à Ásia, e outros países da área têm a esperança de que, envolvidos com Washington, eles possam ter mais força para enfrentar a China", considerou Ma Zhenggang, do Instituto de Estudos Internacionais da China (CIIS).

Os outros atores do sudeste asiático em conflito - Brunei, Malásia e Taiwan- não se negam a negociar com a China. Nesta quinta-feira, o secretário de Exteriores filipino, Albert del Rosário, viaja para Pequim, assim como fez recentemente o representante do Vietnã, Ho Xuan Son, com a intenção de discutir o conflito.

No entanto, segundo os analistas, muitos preferem uma aproximação multilateral, uma vez que se sentem "fracos" em uma negociação solitária com o gigante asiático. "O Governo chinês, a longo prazo, tem de se mostrar a favor de uma resolução multilateral, talvez através das Nações Unidas", destacou Cheung.

Por enquanto, o momento mais preocupante aconteceu em junho, quando em uma visita de Del Rosario aos EUA, a secretária de Estado Hillary Clinton prometeu ajuda militar as Filipinas "em caso de invasão", algo que não agradou Pequim.

"Clinton fez promessas sem fundamento algum, a China nunca envia tropas contra ninguém. Isto não ajuda ao diálogo pacífico", opinou Qu Xing, presidente do CIIS.

Por enquanto o assunto se limita a conflitos entre patrulheiros e pescadores, cortes de cabos e acusações diplomáticas, mas os analistas deram o sinal de alarme e lembram que China e Vietnã, nos 1970 e 1980, empreenderam na zona batalhas navais nas quais morreram cerca de 100 pessoas.

"O Vietnã está se encaminhando a um conflito armado no qual o Exército chinês destroçará os navios vietnamitas", advertiu no mês passado o jornal nacionalista chinês "Global Times".

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