Policial inspeciona cabine de trem que descarrilou em Santiago de Compostela, na Espanha, matando dezenas de pessoas (REUTERS/Eloy Alonso)
Da Redação
Publicado em 28 de julho de 2013 às 09h53.
Santiago de Compostela - A polícia espanhola deteve nesta quinta-feira no hospital o maquinista de um trem da Renfe que descarrilou no noroeste da Espanha, depois que 80 pessoas morreram no dramático acidente que, segundo uma autoridade, foi causado por excesso de velocidade.
O trem de alta velocidade com oito vagões saiu dos trilhos nos arredores de Santiago de Compostela na noite de quarta-feira, em um dos piores acidentes ferroviários da Europa.
A fonte teve conhecimento da investigação oficial sobre o acidente que trouxe tristeza a Santiago nesta quinta-feira, dia em que a cidade deveria ter celebrado uma das maiores festas cristãs da Europa. Autoridades cancelaram as festividades por luto.
A Suprema Corte da região da Galícia disse em comunicado que o juiz que investiga o acidente havia ordenado a detenção do maquinista para que ele fosse interrogado. O tribunal acrescentou que ele estava sob investigação formal.
Um dramático vídeo gravado por uma câmera de segurança mostra o trem descarrilando ao fazer uma curva em alta velocidade e colidindo com um muro na noite de quarta-feira.
Um funcionário local descreveu as cenas após o acidente como o inferno, com corpos espalhados perto dos trilhos. O impacto foi tão grande que um vagão voou vários metros e caiu do outro lado da alta barreira de concreto.
Cerca de 94 pessoas ficaram feridas, das quais 35 permanecem em estado grave, incluindo quatro crianças, afirmou o vice-chefe do governo regional.
"Ouvimos um barulho enorme e descemos até os trilhos. Ajudei a resgatar alguns feridos e corpos para fora do trem. Entrei em um dos vagões, mas prefiro não dizer o que eu vi lá", disse à Reuters Ricardo Martinez, um padeiro de 47 anos, em Santiago de Compostela.
O governo galego disse que o trem tinha dois maquinistas, mas não estava imediatamente claro qual deles estava internado e sob investigação.
Testemunhas contaram à imprensa espanhola que um dos maquinistas, Francisco José Garzón, foi visto auxiliando no resgate das vítimas e gritando ao telefone: "Descarrilei! O que eu faço?" Garzón, 52 anos, é maquinista há 30 anos, disse uma porta-voz da empresa ferroviária Renfe. Muitos jornais publicaram trechos de sua página no Facebook em que se gabava de dirigir trens em alta velocidade. A página foi tirada do ar nesta quinta-feira e os relatos não puderam ser verificados.
Curva em Alta Velocidade
Segundo o jornal El País, um dos maquinistas ficou preso nos destroços da cabine e contou por rádio à estação ferroviária que o trem havia entrado na curva a 190 quilômetros por hora. Uma fonte oficial disse que o limite de velocidade naquela trecho de trilhos duplos era de 80 quilômetros por hora.
"Somos apenas humanos! Somos apenas humanos!", dizia o maquinista à estação, segundo relato do jornal a partir de informações de fontes próximas à investigação. "Espero que não haja mortos, porque isso vai recair sobre a minha consciência." Os investigadores estavam tentando estabelecer com urgência por que o trem estava indo tão rápido e por que dispositivos de segurança para manter a velocidade dentro dos limites permitidos não funcionaram.
O trem, operado pela empresa estatal Renfe, foi construído pela Bombardier e Talgo e tinha cerca de cinco anos. Estava quase com o número máximo de passageiros.
Um norte-americano morreu no acidente e cinco ficaram feridos, disse o Departamento de Estado em Washington. O México disse que um de seus cidadãos estava entre os mortos.
Pelo menos um britânico ficou ferido, disse um porta-voz da embaixada britânica. Acredita-se que havia passageiros de várias outras nacionalidades.
O primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, que nasceu em Santiago de Compostela, a capital da região da Galícia, visitou o local e o principal hospital nesta quinta-feira. Ele declarou três dias de luto nacional oficial pelas vítimas do desastre.
O rei Juan Carlos e a rainha Sofia também foram para Santiago e visitaram os feridos no hospital.