Policiais do Paquistão: situação pode resultar num possível confronto entre centenas de soldados e cerca de 30 mil manifestantes (AAMIR QURESHI/AFP)
Da Redação
Publicado em 19 de agosto de 2014 às 16h21.
Islamabad - Dezenas de milhares de manifestantes contrários ao governo marcharam em direção ao Parlamento do Paquistão nesta quinta-feira. Para remover as barreiras de arame farpado e contêineres que os impedem de chegar à região onde fica a sede do Legislativo eles carregavam alicates e escudos improvisados, além de usar máscaras.
Emissoras de televisão paquistanesas mostravam imagens ao vivo das tropas tomando posições na chamada "zona vermelha", onde também estão instaladas as residências do presidente e do primeiro-ministro e várias instalações diplomáticas.
A situação pode resultar num possível confronto entre centenas de soldados e os cerca de 30 mil manifestantes que apoiam a ex-estrela do críquete e candidato da oposição Imran Khan, e o clérigo Tahir-ul-Qadri.
Os dois líderes pediram que o primeiro-ministro Nawaz Sharif deixe o cargo por causa de acusações de fraude eleitoral no pleito realizado no ano passado. Sharif se recusa a deixar o poder e enviou soldados para as ruas, a primeira vez que isso acontece desde que o Paquistão está sob o governo de um civil.
Dois oficiais de segurança paquistaneses disseram que um total de 700 homens foram enviados para fazer a segurança da "zona vermelha". As fontes falaram em condição de anonimato porque não têm autorização para falar publicamente sobre o caso. Outros 30 mil integrantes das forças de segurança também estão na região, disseram autoridades.
O ministro do Interior, Nisar Ali Khan, pediu calma aos manifestantes antes do início da passeata. "Não podemos permitir que a violência aconteça", disse ele. "O que é isso tudo que nós estamos mostrando para o mundo?"
Os manifestantes estão em dois acampamentos em Islamabad desde a semana passada. Khan e Qadri prometeram manter as manifestações até que Sharif saia do governo.
Khan, que lidera o terceiro maior bloco do Parlamento, anunciou na segunda-feira que ele e seus partidários marcharão pela "zona vermelha". Nesta terça-feira, Khan disse que estabelecerá uma "praça Tahir" do lado de fora do Parlamento, uma alusão à famosa praça do Cairo onde foram realizados enormes protestos em 2011.
"Vamos prometer que permaneceremos pacíficos", disse Qadri a seus seguidores. "Ninguém vai entrar em qualquer prédio", declarou Khan a seus partidários.
Mulheres de crianças também se uniram aos manifestantes na medida em que se aproximavam do Parlamento.
Autoridades disseram que não permitirão que os manifestantes entrem na "zona vermelha" e pediram aos dois líderes de oposição que reconsiderem seus planos. Fonte: Associated Press.