Em paralelo a esses atos, milhares de pessoas se concentraram na praça Tahrir para protestar contra os resultados do pleito (Mohamed Hossam/AFP)
Da Redação
Publicado em 28 de maio de 2012 às 21h01.
Cairo - Um grupo de manifestantes invadiu e ateou fogo nesta segunda-feira ao comitê de campanha do candidato às eleições presidenciais egípcias Ahmed Shafiq, último primeiro-ministro do ex-ditador Hosni Mubarak, em um bairro do Cairo, informaram à Agência Efe fontes ligadas às forças de segurança local.
Os manifestantes invadiram o prédio do comitê de campanha eleitoral de Shafiq para protestar contra o resultado do primeiro turno das eleições realizado na semana passada. O segundo turno do pleito será decidido entre ele e o candidato islamita da Irmandade Muçulmana, Mohammed Mursi.
Uma testemunha dos fatos, Ahmed Shehata, relatou à Efe que cerca de 200 pessoas chegaram ao local, uma vila localizada no bairro residencial de Dokki, e lançaram coquetéis molotov contra os escritórios.
Fontes de segurança confirmaram esta versão e acrescentaram que a multidão destruiu os equipamentos e o material de campanha no escritório antes de atear fogo ao ''quartel-general'' de Shafiq, considerado por alguns setores da população egípcia como um ''fulul'' (remanescente do antigo regime).
Segundo a Efe pôde constatar no local, a fachada do edifício estava praticamente intacta após os ataques, enquanto a rua onde fica a dependência estava repleta de panfletos e cartazes eleitorais do candidato espalhados pelo chão.
Após o ataque, dezenas de curiosos e manifestantes pró-Shafiq se deslocaram ao local e expressaram apoio ao ex-primeiro-ministro de Mubarak. ''Abaixo a cúpula da Irmandade Muçulmana'' e ''O povo quer Shafiq como presidente'' foram algumas das palavras de ordem gritadas contra o movimento islamita rival de Shafiq.
O manifestante Hosam Duidar, seguidor de Shafiq, condenou o ataque em declarações à Efe: ''não é democrático atacar quem você não gosta, pois todas as vozes devem ser respeitadas''.
Outro dos manifestantes pró-Shafiq, Mohammed Amre, disse prever ataques similares no futuro, já que, em sua opinião, há uma democracia incipiente no Egito e, segundo ele, ''o povo não está acostumado'' a ela.
A emissora de TV ''Al-Hayat'' divulgou imagens de grandes chamas saindo do escritório de Shafiq, que fez campanha baseada no restabelecimento da segurança e da estabilidade no país.
Em paralelo a esses atos, milhares de pessoas se concentraram na praça Tahrir - epicentro dos protestos que derrubaram Mubarak - para protestar contra os resultados do pleito. Também houve momentos de tensão na praça do Cairo quando um grupo começou a jogar pedras contra os manifestantes, que responderam também com pedradas, tal como a Efe pôde constatar.
O advogado trabalhista Khaled Ali, um dos candidatos presidenciais derrotados no primeiro turno, participou dos protestos.
Por sua vez, o terceiro candidato mais votado no pleito, Hamdeen Sabahi, que quase foi eleito para o segundo turno - previsto para ser realizado nos dias 16 e 17 de junho -, divulgou em sua conta no Twitter uma mensagem pedindo calma.
''O direito do povo a expressar sua opinião está condicionado a que se faça de forma pacífica'', disse Sabahi, que criticou ''qualquer tipo de ataque a comitês de campanha e propriedades públicas ou privadas''.