Manifestantes exigem renúncia do presidente da Nicarágua
Protestos ocorrem após uma repressão violenta da polícia aos protestos que deixou ao menos nove mortos
Reuters
Publicado em 24 de abril de 2018 às 11h30.
Manágua - Milhares de manifestantes foram às ruas da capital da Nicarágua para exigir a renúncia do presidente após uma repressão violenta da polícia aos protestos que deixou ao menos nove mortos.
Os manifestantes agitaram bandeiras nicaraguenses azuis e brancas e bradaram "Presidente, saia!" em vários pontos nos arredores de Manágua, na segunda-feira, mas o governo manteve a polícia longe das manifestações depois da violência dos últimos dias.
Os protestos tiveram início na semana passada depois que o governo do presidente Daniel Ortega, ex-guerrilheiro de esquerda cujos críticos o acusam de tentar criar uma ditadura familiar, lançou um plano de reforma da Previdência do país da América Central.
A repressão policial dos manifestantes e os limites impostos a uma parte da mídia deram ensejo a mais críticas contra Ortega. Na noite de domingo, na tentativa de acalmar as ruas, Ortega disse ter cancelado a iniciativa de reforma.
A marcha de segunda-feira, liderada por universitários, foi a maior de seus dias de protestos, segundo uma testemunha da Reuters. Os manifestantes pediram a libertação de colegas presos nos dias anteriores e o fim do governo Ortega.
O jornal conservador La Prensa, um crítico contundente tanto de Ortega quanto do regime anterior que ele lutou para derrubar, disse que ele "perdeu o controle das ruas".
"Daniel Ortega não tem mais a capacidade política ou a autoridade moral para continuar governando", escreveu.
A polícia se chocou com estudantes entrincheirados na Universidade Politécnica da Nicarágua na noite de domingo - um deles morreu baleado e cinco foram tratados de ferimentos, disse Bassett Guido, porta-voz da Cruz Vermelha, à Reuters por telefone na segunda-feira.
Guido informou que a Cruz Vermelha registrou nove mortes desde que os protestos começaram na quarta-feira e que atendeu 433 feridos. Na segunda-feira o Centro Nicaraguense de Direitos Humanos (CENIDH) disse que ao menos 25 pessoas morreram. Marlin Sierra, diretor do CENIDH, disse que 120 pessoas foram presas.
Ainda na segunda-feira, o Departamento de Estado dos Estados Unidos autorizou a partida de funcionários do governo dos EUA e restringiu os serviços consulares.