Manifestantes correm enquanto policiais lançam gás lacrimogêneo durante protesto na Praça Taskim, em 11 de junho (Murad Sezer/AFP)
Da Redação
Publicado em 11 de junho de 2013 às 13h11.
Istambul - Após cerca de seis horas de enfrentamentos entre policiais e ativistas na praça Taksim, no centro de Istambul, o clima no início da tarde no local estava mais calmo, embora carregado de tensão, com o espaço dividido entre agentes e manifestantes.
Centenas de policiais descansavam à sombra de blindados armados com canhões de água, mas já sem atacar os manifestantes, que por sua vez aguardavam em frente aos veículos.
A polícia turca entrou nesta manhã com blindados na Taksim, em uma surpreendente operação iniciada poucas horas depois do governo anunciar sua disposição de negociar as reivindicações dos ativistas que ocupam a praça e o vizinho parque Gezi.
Os agentes, distribuídos pelos extremos da praça, não bloquearam o livre trânsito no local, onde a polícia não entrava desde os duros enfrentamentos de duas semanas atrás.
A tensão chegou ao seu auge pouco depois do meio-dia, quando um grupo de agentes subiu as escadas do parque Gezi, em uma aparente tentativa de tomar o controle da área, apesar das reiteradas promessas do governador de Istambul de que não se investiria no acampamento feito no local pelos ativistas.
"Encontraram com uma multidão de manifestantes que não os deixou passar, e pouco a pouco fomos empurrando eles para fora, sem que houvesse violência", relatou pouco depois à Agência Efe uma estudante.
A jovem disse que as batalhas com coquetéis molotov, que ocorreram na praça desde a madrugada, dava a polícia um pretexto para intervir no parque, cujos ocupantes se pronunciaram majoritariamente contra o uso da força.
"Pode haver infiltrados entre nós, ninguém sabe, não está claro", afirmou a estudante, que considerou "suspeito" o comportamento dos ativistas mais violentos.
Nas redes sociais surgiram acusações de que agentes infiltrados lançaram garrafas inflamáveis contra a polícia para justificar uma reação mais violenta e o despejo.
Outras duas ativistas, uma estudante e uma jornalista, vestidas com máscaras para combater o gás e aparentemente habituadas a estar na linha de frente de combate, descartaram que a violência era consequencia de agentes infiltrados.
"Nos 14 dias que estamos aqui, nunca usamos coquetéis molotov, e hoje isto só foi empregado por um pequeno grupo entrincheirado diante da sede do partido socialista SDP, mas é autodefesa, se a polícia ataca há direito de se defender", afirmou uma das ativistas.
"Os rumores sobre agentes infiltrados são divulgados pela própria polícia, para nos dividir e criar desconfiança entre nós", ponderou outra.
As manifestantes descartaram que o incêndio de um carro particular, ocorrido nas primeiras horas do dia próximo da Taksim, pudesse ser obra dos ativistas.
"Isto foi feito pelos policiais à paisana, com certeza", disse uma das mulheres.
O gerente de um restaurante situado em frente ao veículo contou que no momento de incêndio havia tanto gás lacrimogêneo que não pôde observar o que ocorreu.
Segundo as ativistas, ao término da jornada de trabalho desta terça-feira, várias marchas cidadãs se dirigirão para a praça Taksim.
A Plataforma de Solidariedade à Taksim, criada para proteger o parque Gezi de um projeto urbanístico, convocou todos que apoiam os protestos antigovernamentais a comparecerem na área verde.
O grupo afirma que as autoridades não atenderam nenhuma de suas demandas, como assegurar que o parque será respeitado, liberar os detidos nas duas semanas de protestos e acabar com a violência policial.